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  • 02/03/2022 08:00
    Por Fernando Costa

    Jorram sangue e lágrimas em milhares de faces, ante as perdas dos bens e da vida. Tenho a sensação daquele que se machucou anteriormente, sofreu nova queda e, no mesmo local se abriu ferida sobre ferida…. Todos nós atingidos diretamente ou não, sentimos na carne e na alma a dor de nossos irmãos, ante as lamentáveis ocorrências que afrontam a dignidade da pessoa humana. 

    Perderam seus entes queridos, o patrimônio, a autoestima, a alegria. A culpa é do poder público,  intempéries, serviço de meteorologia que não prestou orientações aos moradores das zonas de risco, em sua maioria pouco esclarecida?  As chuvas tomaram conta de vários pontos do país e o município de Petrópolis, principalmente o centro histórico, a Rua Teresa, Alto da Serra, Rua Coronel Veiga, Vila Felipe, Corrêas, isto só para citar alguns,  ceifaram vidas, deixando a população atônita, desabrigada e em total desolação. 

    Não haviam sido curadas as cicatrizes dos anos sessenta. O clima é de horror. Estou perplexo. Não é para menos, são dezenas de vidas, vítimas da maior tragédia deste Estado e quiçá do Brasil, além dos  desaparecidos, desabrigados e desalojados. Confesso que meu medo se renova, embora tente, impotente, ouço , vejo e sinto os gritos de socorro e de piedade que teimam ecoar em meus ouvidos e eu sem poder nada fazer para aplacar o sofrimento que inunda os corações, inclusive o meu.

    Sinto gosto de fel. Meu Deus se for possível nos poupe de consequências em maiores proporções a exemplo daquelas que experimentou em idênticas enchentes, cujos temporais causaram luto e desolação, até hoje evidentes em inúmeros rostos que transitam pelas ruas. Rondam minha mente as inundações das décadas de 60, 80, 90, do ano 2.000. Acompanhei pessoas amigas durante essas ocasiões. Vi famílias sepultarem sete, oito e até dez pessoas no mesmo dia. A preocupação com o Bairro 24 de Maio, morros e encostas que circundam a cidade  redobram a preocupação. 

    Só de pensar na Rua do Imperador que vive o trauma de ter seu comércio repleto de lama, água e detritos, os lojistas e funcionários tentando proteção ao colocarem as pesadas lâminas em suas portas na esperança de  que a água  seja complacente e magnânima, pouco adianta,  porque nunca se sabe a hora que ela retorna.  Não cabe aqui tão somente  perquirir se os governos passados fizeram ou se o atual continua alerta com relação à proteção das encostas, o assoreamento  dos  rios, a  rigorosa fiscalização às construções desordenadas, sobretudo em áreas de risco,  mas, também chamar a atenção da população a que não jogue lixo na rua, porque ele entope os bueiros, além de poluir os rios e contribuir para irreparável prejuízo à ecologia.

    Em meio ao lamento se pergunta por que não  estudar um projeto habitacional razoável ao assalariado? A verba governamental e as doações serão aplicadas de forma correta? O povo é solidário, as instituições incansáveis, as igrejas cumprem o seu papel cristão. Sem deslustro aos demais líderes religiosos, em nome deles, se destaca a presença de Dom Gregório Paixão, Bispo Diocesano de Petrópolis, a generosidade  do Papa Francisco, a imprensa, rádio, telejornalismo e o povo em geral.

    Registro a participação da O.A.B. subseção local presidida pelo dinâmico e incansável Marcelo Schaefer, Diretoria, Conselheiros, Comissões e Advogados e, neste mesmo diapasão as subseções brasileiras, em sua maioria disseram presentes à Petrópolis nessa “via crucis”. É tempo de arregaçarmos as mangas e retomarmos nossos fardos, porque a estrada é longa e necessitamos muita resiliência e que a fé, o discernimento e a coragem sejam constantes.

    Com certeza o pódio das realizações será atingido, ainda que haja pedras durante o percurso. Lá em 1Coríntios 13, encontramos um versículo que preconiza: “nosso Deus é o Deus da vida”. E se vive cada dia de uma vez. O ano cumprirá seu destino. Tudo passa. Não podemos perder a fé, por isso vigiemos e oremos, pois, Deus não nos criou para a infelicidade, mas, para a vida e vida em abundância.

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