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  • 22/02/2022 08:00
    Por Editorial/Grupo Tribuna de Petrópolis

    Completa uma semana a maior tragédia anunciada que Petrópolis já viveu. Uma semana que vimos cenas que jamais vamos esquecer, cenas de descaso com a vida humana. Estamos desconsolados. Choramos com a mãe que cavava a lama com as mãos em busca da filha. Choramos com aquele pai que caminhou por mais de 20km em busca do paradeiro do filho. Choramos pelas nossas mais de vinte crianças vítimas do descaso. Nos unimos à voz daqueles que buscam resposta, daqueles que querem saber até quando vamos continuar contando corpos em tragédias que poderiam ser evitadas. 

    Ao longo de seus quase 120 anos, a Tribuna vem cumprindo seu papel de informar a população sobre os graves riscos a que a cidade está sujeita em todos os verões. E, mais do que isso, dá voz àqueles que já quase sem esperanças de mudança recorrem à imprensa para que sejam ouvidos. Ao longo das décadas, contamos histórias de pessoas que fazem parte da nossa história. Pessoas que ajudaram a construir a cidade e que buscam uma sociedade mais justa e democrática para todos.

    A catástrofe que se abateu sobre Petrópolis é socioambiental, é fruto do descaso de gestões federais, estaduais e municipais. Gestões inertes que assumiram o risco. 

    No jornalismo, trabalhamos com fatos, com dados, com números, mas, hoje, não temos números. Temos trabalhadores, vizinhos, amigos, parentes e conhecidos que perderam a vida enquanto buscavam o mínimo: um lugar digno para morar. Petrópolis que é conhecida pela sua hospitalidade não tem oferecido o mínimo para seus conterrâneos. 

    Se em tantas manchetes ao longo de toda a trajetória do jornal noticiamos fatos, cobramos respostas, dessa vez não seria diferente. Queremos saber até quando vamos lamentar a morte de entes queridos? Até quando Petrópolis vai entrar no noticiário nacional como palco de mais uma tragédia? Uma chuva atípica, todos dizem, mas em todos os verões temos famílias desabrigadas e mortas. Todos os verões choramos. Até quando? 

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