‘Lurdes é o Brasil, é o que vivemos agora’, diz Regina Casé
A novela Amor de Mãe voltará a ser exibida na TV Globo a partir da próxima segunda-feira, 1º de março, com uma edição compacta de episódios que já foram exibidos, dividindo o horário das nove com A Força do Querer.
A partir do dia 15 de março, a trama de Manuela Dias irá ocupar todo horário nobre com capítulos inéditos, que foram gravados seis meses atrás, com um rígido protocolo de segurança para proteger o elenco e toda equipe contra a covid-19.
Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, 22, a autora e o elenco de Amor de Mãe revelaram como foi feita a adaptação do roteiro e gravações e Regina Casé falou sobre como a protagonista Lurdes reflete as emoções de muitos brasileiros atualmente.
Para Casé, intérprete da protagonista, foi essencial trazer a pandemia na história, pois o tema conferiu a trama um caráter quase documental, trazendo à tona emoções que as pessoas nunca sentiram antes.
“A Lurdes não é só uma mulher nordestina que mora na periferia do Rio de Janeiro, ela é o Brasil, é o que estamos vivendo agora. ‘Como vou ganhar meu dinheiro?’, ‘como meu filho vai trabalhar?’, ‘como vou sair?’, todas essas emoções novas, que estamos aprendendo a lidar à duras penas está na novela. Isso vai resultar numa história ainda mais humana”, disse a atriz.
Adaptação da história
Sobre as adaptações do roteiro, Manuela Dias afirma que, a princípio ela não queria retratar a covid-19 na novela. “Tudo que essa novela não pedia era um isolamento. É uma história de uma mãe procurando um filho e quem consegue procurar dentro de casa? (…) No começo, eu não queria inserir a covid, mas vi que não teria jeito. A trama iria mudar de gênero, iria virar uma espécie de distopia ao invés de uma novela realista”, explicou Manuela Dias.
A autora explicou que nesta nova temporada de Amor de Mãe, ela optou por marcar o tempo usando o número de mortos como referência e não com uma data. A narrativa começa com 9000 mortes por covid-19 no Brasil.
“A covid entra na história como entrou na vida real. Pega em todo tipo de gente, sem barreiras sociais e as pessoas reagem com medo do desconhecido, respeitando o perigo e usando máscara. Além de tentar ficar vivo, a gente continuou tentando realizar nossos sonhos e a Lurdes também vai continuar procurando meios para encontrar o Domênico”, afirmou.
Gravações
No que diz respeito às filmagens, Dias explicou que os atores foram isolados por núcleos e que, apesar da pandemia, houve sim cenas com contato físico e abraço, o que, segundo ela, é fundamental para a novela. O ator Humberto Carrão, intérprete do personagem Sandro, explicou como funcionou o protocolo de segurança.
“A gente era testado [exames] o tempo inteiro e ficamos em hotel para algumas cenas. Para as cenas que precisavam de abraço, aquelas que não podiam acontecer sem contato físico e carinho, a gente ficou no hotel, se cuidando, para que pudéssemos fazer. Muitas outras fizemos de máscara, com distanciamento. Mas o amor de mãe foi preservado com muito protocolo e segurança”, afirmou ele.
“Voltar a gravar foi um turbilhão de emoções (…) Foi uma adaptação esquisita, porque o personagem tinha ficado suspenso por um tempo, mas que aconteceu de maneira natural, porque o nosso corpo cria memória afetiva e as relações dos personagens já estavam estabelecidas”, acrescentou a atriz Jéssica Ellen, que interpreta a personagem Camila.
Desfecho dos personagens
Nanda Costa, intérprete de Erica, explicou que o elenco não sabe o desfecho das histórias dos outros personagens. Porém, apesar de não poderem revelar como a trama conclui, ela afirmou que sua personagem “se deu melhor no amor”.
Humberto Carrão afirmou que seu personagem Sandro passou por momentos “muito duros e difíceis, relacionados à pandemia e a pessoas próximas dele”.
Já Regina Casé brincou sobre a personagem Thelma, interpretada por Adriana Esteves. “A Carminha [vilã de Avenida Brasil interpretada por Adriana] perto da Thelma [personagem de Esteves em Amor de Mãe] é uma fofa”, riu. “Se queriam me tirar da zona de conforto, eu fui para maior zona de desconforto possível. Foi bem barra pesada”, explicou Casé.