• Lula fala a empresários do Brics que não deve aceitar neocolonialismo verde

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  • 22/08/2023 18:57
    Por Felipe Frazão, enviado especial / Estadão

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, dia 22, que não vai aceitar formas de neocolonialismo verde, durante participação no Fórum Empresarial do Brics. Lula discursou diante dos demais líderes políticos do bloco e de comitivas de empresários.

    “Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias, sob o pretexto de proteger o meio ambiente”, afirmou o petista.

    O presidente não citou, mas vem reclamando de forma constante das legislações ambientais criadas na Europa, e que podem fechar mercados ao Brasil.

    Segundo ele, os Brics defende um comercio global justo, previsível e equitativo.

    Embora negue que o Brics seja um grupo antagônico ao G7, Lula segue fazendo comparações entre os blocos e disse que, em termos econômicos, “já ultrapassamos o G7, e respondemos por 32% do PIB mundial em paridade do poder de compra”.

    Citando dados do Fundo Monetário Internacional que preveem crescimento de 4% dos países em desenvolvimento, em 2023 e 2024, Lula disse que o “dinamismo da economia está no Sul Global” e que o “Brics é sua força motriz”.

    Ele convocou investidores estrangeiros de países do Brics a colocarem dinheiro em projetos de infraestrutura do Novo PAC, Programa de Aceleração do Crescimento. O governo planeja promover concessões, contratações diretas e Parcerias Público-Privadas.

    Oportunidades

    “Trata-se de um programa amplo, com muitas oportunidades que podem interessar aos investidores dos países do Brics”, disse o presidente aos empresários de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

    “Esperamos mobilizar 340 bilhões de dólares para a modernização de nossa infraestrutura logística, com investimentos em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos.”

    O presidente destacou esforços para geração de energia verde, como solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel, e o hidrogênio verde. O “Plano de Transformação Ecológica”, a ser lançado pelo governo, prevê que os serviços ambientais e ecossistêmicos sejam remunerados de forma “justa e equitativa”.

    “A África é a região do mundo que menos emite gases do efeito estufa. Nem por isso deixa de enfrentar as consequências mais perversas do aquecimento global, como secas, inundações, incêndios e ciclones”, afirmou o petista.

    “Compartilhamos a responsabilidade de cuidar de florestas tropicais e preservar a biodiversidade. Temos em comum a preocupação de combater processos de desertificação.”

    Lula voltou a defender a adoção de uma moeda do Brics, “uma unidade de conta de referência para o comércio, que não substituirá nossas moedas nacionais”. Ele disse que aposta na presença do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) como ferramenta de incentivo. O banco busca parcerias com o Banco Africano de Desenvolvimento.

    “As necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento continuam muito altas. A falta de reformas substantivas das instituições financeiras tradicionais limita o volume e as modalidades de crédito dos bancos já existentes”, disse Lula.

    “Ao diversificar fontes de pagamento em moedas locais, expandir sua rede de parceiros e ampliar seus membros, o NDB constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países em desenvolvimento.”

    O presidente pregou ainda o retorno do Brasil à África e citou que a corrente de comércio decaiu desde 2013 e representa somente 3,5% do comércio exterior do Brasil.

    Lula classificou a rede de acordos com países como “incipiente” e disse que ainda “há muito espaço para crescer”. A Presidência vê oportunidades de negócios com alimentos e bebidas, petróleo, minério de ferro, veículos e manufaturas de ferro e aço.

    “O Brasil está de volta ao continente de que nunca deveria ter se afastado”, disse Lula. “A África reúne vastas oportunidades e um enorme potencial de crescimento.”

    Lula queixou-se da falta de conectividade marítima e aérea entre os continentes.

    “É inexplicável que ainda não tenhamos voos diretos entre São Paulo e Johannesburgo, Cairo ou Dacar, essenciais para o aumento do fluxo de pessoas, comércio e turismo. É muito pertinente a proposta do Conselho Empresarial dos BRICS, do estabelecimento de um acordo multilateral de serviços aéreos do grupo, contando com as principais autoridades nacionais de transporte e aviação”.

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