Lula e o momento
Lula e o PT acreditam que sem eles não existe esquerda. O curioso é que a esquerda aceita isto, não questiona, tampouco luta por espaços. Existe uma subserviência total a Lula, que se transforma em idolatria. Manoela (que agora nem mais candidata é, mas a bem da verdade, ainda poderá ser vice, caso Haddad venha a substituir Lula) e seu partido o PCdoB, torciam com todas as forças para ocupar a cadeira de vice para Lula. Lula lhes virou as costas. Ele sabe que seu domínio sobre a esquerda é o que lhe mantém, mesmo preso, tentando dominar a tudo e a todos; com este comportamento, ele reeditou o tom raivoso do passado. Lula lembra a história da tartaruga em cima do poste, só que ao inverso. Ninguém sabe como funciona e porque funciona, ou seja, só se explica em si mesmo e exercendo seu poder sobre os iludidos e sobre os que, durante 13 anos, viveram às custas das tetas do Estado.
Lula desequilibrou (e possivelmente a tenha enterrado) a candidatura de Ciro, ao tirar-lhe o apoio do Centrão, por saber ser Ciro um incontrolável, uma figura em quem não se pode confiar. E então, colocou este apoio no colo de Alckmin, com quem sonha disputar um segundo turno, caso venha a concorrer ou que venha a concorrer com seu indicado. Não acredito que concorra e sim, que indique um poste. Sua estratégia é novamente polarizar PT x PSDB, onde segundo sua percepção, seria mais fácil de vencer, do que disputar com Bolsonaro (uma incerteza absoluta). Lula sabe que um prato de chuchu nunca terá sabor desagradável, sempre terá gosto de chuchu e será fácil de engolir.
Lula não tem dúvidas de que, quanto mais vitimado, maior será sua capacidade de transferir a seu poste, uma quantidade maior de votos.
A vaidade exacerbada sempre foi a maior marca de Lula em suas ações políticas. Sabe ele que se não comandar e conduzir tudo de forma centrada em si, corre o risco de ser esquecido por seus companheiros e ficar isolado em sua cela. Seus propósitos hoje são claros: ou concorre ou capitaneará um movimento de deslegitimaçao do pleito. Sem um substituto que o equivalha, o PT tem um caminho de pedras para chegar a algum bom lugar. O PT não se sustenta e sobrevive sem Lula, isto é fato , e a esquerda ficará alijada de sua principal cabeça caso a inelegibilidade realmente venha a ser decidida pelo judiciário.
Que lições podemos retirar disto? A primeira, é que nem com reza braba, seus companheiros vão mudar a ideia do homem, cuja consciência sabe não ter saída e que sua luta será inglória neste momento. Mas que, se assim não for, mesmo com vitória ou derrota, estará inevitavelmente fadado a já ter passado para a história. E os órfãos da esquerda, a quem a mídia esquerdopata denomina de "inteligência" ( eu os chamo de "leões de chácara , sem trocadilho com o sítio) de seu guru preso, vão continuar se debulhando em lágrimas.