• Lula diz que Bolsonaro convocou ato em São Paulo por saber que ‘fez burrice’ e ‘pode ser preso’

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  • 05/mar 12:51
    Por Juliano Galisi / Estadão

    O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse na segunda-feira, 4, que o ato convocado pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em 25 de fevereiro, foi a demonstração de que Bolsonaro teme sanções na Justiça a partir do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Segundo Lula, Bolsonaro “sabe que pode ser preso” e “está tentando escapar”.

    “A verdade nua e crua é que esse cidadão tentou dar um golpe neste País”, disse Lula no discurso de abertura 4ª Conferência Nacional de Cultura, em Brasília.

    Após a declaração do presidente, o público do evento entoou um coro de “Sem anistia”, em referência ao pedido de Bolsonaro durante a manifestação para que os investigados pelo ataque às sedes dos Três Poderes, os quais chamou de “pobres coitados”, fossem perdoados.

    Bolsonaro sabe que ‘fez burrice’

    Bolsonaro convocou o ato na Paulista após a deflagração da Operação Tempus Veritatis pela Polícia Federal (PF), na investigação que mira o ex-presidente e aliados próximos por suposto crime de abolição do Estado Democrático de Direito. A manifestação, segundo Lula, demonstra que o ex-presidente sabe que “fez burrice”.

    Em discurso na Paulista, o ex-presidente fez referência à “minuta golpista”, texto produzido pelo entorno de Bolsonaro após a derrota nas eleições de 2022, com o intuito de elaborar uma fundamentação jurídica para a convocação de um novo pleito.

    “Golpe usando a Constituição? Tenha a santa paciência”, disse, minimizando o conteúdo do esboço.

    Ao fazê-lo, entretanto, o ex-presidente possivelmente admitiu que seu meio próximo sabia da existência do rascunho, o que pode ser utilizado contra os investigados pela PF.

    A defesa nega que a fala tenha sido uma confissão de que ele tinha conhecimento sobre o documento.

    Bolsonaro teve ‘medo’, diz Lula

    Durante o discurso desta segunda-feira, Lula afirmou que o ex-chefe do Executivo deixou o País ao final do mandato, em dezembro de 2022, com “medo” do público que estaria presente na posse do novo governo. “Eu acho que ele ‘se borrou’ de medo e tentou ir embora para os Estados Unidos. (…) Ele ficou com medo da posse. A posse era a demonstração de que tinha muita gente do outro lado”, afirmou.

    Os investigadores da PF acreditam que a saída do então mandatário pode ter tido finalidade mais pragmática. A quebra de sigilo bancário do ex-presidente demonstra que, prestes a encerrar a gestão, Bolsonaro fez uma transação de R$ 800 mil em 27 de dezembro de 2022 para os EUA.

    Segundo um documento da PF obtido pela revista Veja, os recursos teriam como objetivo assegurar a permanência do ex-presidente no exterior, para que, de lá, ele aguardasse “o desfecho da tentativa de golpe de Estado que estava em andamento”.

    Para Lula, as investigações da PF podem ter esclarecido o que o então presidente fez após a derrota nas eleições de 2022, quando se retraiu de aparições públicas. “Quando ele ficou trancado dentro de casa, a gente não sabia se ele estava chorando ou o que ele estava fazendo. Ele estava tentando dar um golpe”, afirmou o presidente na abertura da conferência.

    Na mesma segunda-feira, o advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo, rebateu as declarações do presidente Lula. “Quanto mais o Lula fala do presidente Jair Bolsonaro, mais eu constato que estamos no caminho correto. O desespero transborda”, disse no X (antigo Twitter).

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