• Lula: Debate expôs fragilidade de Biden; ele e partido devem decidir candidatura

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  • 01/jul 16:43
    Por Felipe Frazão / Estadão

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, dia 1º, que o debate presidencial nos Estados Unidos mostrou o atual presidente Joe Biden muito fragilizado na TV e sugeriu a substituição dele por outro candidato. Apoiador declarado de Biden, Lula afirmou que é melhor que o Partido Democrata e o presidente americano tomem uma decisão sobre a candidatura dele.

    Lula disse que Biden vem demonstrando problemas e defendeu que ele seja transparente sobre sua saúde e possa opinar sobre a eventual substituição por outro candidato. Depois de reiterar apoio ao atual presidente, ele disse que somente Joe Biden tem condições de relevar seu estado de saúde e sugeriu que o Partido Democrata troque de candidato caso Biden desista.

    O presidente americano sofre intensa pressão, dentro e fora do partido, para desistir e abrir caminho para uma substituição, mas não deu sinais de que o fará.

    Manifestações como as de Lula são desaconselhadas na diplomacia. Conselheiros do presidente entendem que elas podem ser vistas como interferência em assuntos internos da maior potência do planeta e abrir brecha para mais divergências com o ex-presidente Donald Trump, caso ele vença e retorne ao poder.

    “Uma pessoa pode mentir para si mesmo, pode mentir para todo mundo, mas não pode mentir a vida inteira para ele mesmo. Ele tem que avaliar. Se está bem, ele é candidato, se acha que está em condições, ótimo. Mas se não está, é melhor eles tomarem uma decisão. O que foi chato e desagradável foi que no debate expuresam muito a fragilidade do Biden”, afirmou Lula, em entrevista à rádio Princesa, da Bahia.

    “O Biden tem que contar até dez e saber: vou ou não vou, posso ou não posso, estou em condições ou não estou. Só ele pode dizer.”

    Lula calculava as palavras para opinar sobre a disputa nos EUA, mas voltou a dizer que torce pela reeleição do democrata. Biden enfrenta o ex-presidente Donald Trump, candidato do Partido Republicano, a quem o petista chamou de “mentiroso”, enquanto comentava o debate na CNN, da última quinta-feira.

    “Primeiro, do outro lado (estava) um cidadão mentiroso, porque segundo o (jornal) New York Times ele contou 101 mentiras no debate. E do outro lado o Biden com certa morosidade para responder as coisas, mas quem sabe da saúde dele é ele”, disse Lula. “Eu acho que o Biden tem um problema. Ele está andando mais lentamente, está demorando mais para responder as coisas. Mas quem sabe da condição do Biden é o Biden. Ele que sabe.”

    Lula comparou Joe Biden a ex-presidentes nonagenários com os quais conversa sobre a situação interna do Brasil, como José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, que continuam a refletir sobre política. Segundo Lula, são pessoas com “saúde precária”, mas com a cabeça ativa politicamente.

    A saúde física e mental do incumbente nos EUA, de 81 anos, é uma das principais questões da disputa pela Casa Branca. A substituição de Biden domina os debates no país depois de o presidente ter fracassado, durante o debate na CNN, em demonstrar vigor, com momentos de perda de raciocínio, travamentos e voz rouca expostos na TV. O debate era visto como um teste de fogo para Biden, que já vinha sendo questionado por quedas, dificuldades de discursar e seguir protocolos.

    “Eu fico torcendo pelo Biden. Deus queira que ele esteja bem de saúde, que ele possa concorrer. Se não o Partido Democrata pode indicar outra pessoa”, disse o petista, lembrando que saiu de cena em 2018 às vésperas da votação no Brasil – Lula foi impedido de concorrer em decorrência de processos por corrupção na Operação Lava Jato. “Aqui eu estava preso e indiquei o Haddad, faltavam poucos meses para a campanha.”

    “As eleições nos Estados Unidos são muito importantes para o resto do mundo, porque a depender de quem ganha e de que política externa querem ter os EUA a gente pode melhorar ou piorar o mundo”, afirmou o pestita, defendendo uma visão mais “humanista” e “fraterna”. “É muito difícil dar palpite num processo eleitoral de outro país, porque depois do resultado eleitoral a gente tem que conviver com quem ganhou as eleições então tem que tomar cuidado para não criar animosidade.”

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