Lula cobra ‘pressão mundial’ pela libertação de Julian Assange, fundador do WikiLeaks
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou uma “pressão mundial” pela libertação do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, preso desde 2019 em Londres, e que teve a extradição para os EUA autorizada pelo governo britânico nesta sexta-feira, 17.
Em viagem pela região nordeste, Lula falou sobre o ativista australiano durante um evento com apoiadores em Alagoas, ao lado do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e de lideranças locais, como o governador Paulo Dantas (MDB) e o ex-governador Renan Filho (MDB).
“Assange preso na Inglaterra. Se ele for para os EUA extraditado, certamente é prisão perpétua e ele morrerá na cadeia. Nós que estamos aqui falando de democracia precisaríamos perguntar: que crime o Assange cometeu?”, disse Lula aos apoiadores reunidos em Maceió.
O ex-presidente cobrou uma união internacional para pressionar pela libertação de Assange, afirmando que os episódios de espionagem revelados nos documentos vazados pelo WikiLeaks é que realmente configurariam crimes.
“Era preciso que houvesse uma pressão mundial de todas as pessoas que são democratas, que acreditam na liberdade, um posicionamento público para que esse homem seja colocado em liberdade. Se alguém cometeu um crime foi quem em nome dos EUA estava espionando o planeta Terra, inclusive espionando a nossa Petrobras, logo da descoberta do pré-sal”, afirmou.
Julian Assange e o WikiLeaks ganharam atenção mundial a partir de 2009, quando a plataforma publicou centenas de milhares de mensagens enviadas por pagers no dia 11 de setembro de 2001. Pouco a pouco, as revelações se tornaram mais polêmicas e graves, como quando publicou um vídeo em que soldados americanos aparecem cometendo abusos no Iraque.
Em novembro de 2010, o WikiLeaks publicou, com a ajuda de cinco jornais internacionais (The New York Times, The Guardian, Der Spiegel, Le Monde e El País), mais de 250 mil documentos secretos que revelavam segredos da diplomacia americana, no episódio que depois foi batizado de “cablegate”.
Lula mencionou o esquema de espionagem ao lembrar que um dos alvos americanos teria sido a Petrobras durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e disse que Washington nunca se desculpou formalmente com a mandatária do Planalto.
“(É preciso) Falar a verdade, mostrar que os EUA, através de seu departamento de investigação, sei lá se da CIA, estava grampeando muitos países do mundo, inclusive a presidente Dilma Rousseff. Ele denunciou a falcatrua feita no país mais importante do planeta. Esse cidadão deveria estar recebendo o prêmio Nobel”, afirmou o presidenciável. E completou: “Os EUA ainda tiveram a coragem de pedir desculpas a Angela Merkel mas não tiveram coragem ou não sentiram necessidade de pedir desculpas ao Brasil”.