• Lula (cada vez mais) fora de prumo

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 25/03/2023 08:00
    Por Gastão Reis

    As últimas declarações do sr. Lula nos leva a duvidar de sua capacidade de rimar lé com cré como o comum dos mortais. Assumiu ares de sabichão ao deitar falação sobre assuntos e temas que, como de hábito, seu desconhecimento é público e notório. Acabou de decretar que os livros de economia estão superados e que é preciso adotar uma nova mentalidade sobre como governar. Seus amores por ditadores que oprimem seus povos, como é o caso de Cuba, Venezuela e Nicarágua, mais parecem um roteiro para cair no buraco com estranha convicção.

    Após o entusiasmo inicial da grande mídia por Lula, parece ter havido um choque de realidade em relação ao que ele pretende fazer por estar cada vez  mais distante do Lula 1, onde houve certo bom senso. O descaminho teve início no meio do seu segundo mandato, que depois descarrilou completamente  nos mandatos da sra. Dilma. Segundo ele, ela teria sofrido um golpe de Estado. E teve a pachorra de repetir isso, após tomar posse, no exterior, o que levou o colunista Merval Pereira do Globo a chamá-lo de mentiroso em um de seus artigos mais recentes.

    Nessa questão da mentira, existem vários vídeos dele na internet em que, de viva voz, ele mesmo assume o fato de usar números absurdos sem qualquer critério. Foi o caso, já faz alguns anos, quando disse em Paris – e foi aplaudido!? – que no Brasil havia 40 milhões de crianças perambulando pelas ruas. Um empresário que estava com ele o chamou a um canto e lhe disse: “Lula, essa quantidade de crianças nem caberia nas ruas…”. Conduta completamente irresponsável que levou mundo afora. E não mudou muito ainda hoje.

    Essa prática reiterada da mentira tem raízes antigas. No decálogo de Lênin, este a justificava como um recurso legítimo para tomar o poder. Ainda me lembro da declaração de Lula sobre Marx com quem ele teria aprendido que a luta de classes é o motor da história, no caso, com merecido “h” minúsculo. Pelo jeito, as reviravoltas ocorridas na ex-URSS e na própria China no redirecionamento de suas economias, levando em conta as leis de mercado e o receituário que funciona de Adam Smith não serviram de lição para Lula e PT.  

    A inversão de valores que vêm ocorrendo na sociedade brasileira tem origem antiga. A luta pela igualdade não abrangia apenas as classes sociais. Tinha que ser também entre os indivíduos. Para tal, era preciso destruir a família, onde teria origem a hierarquia em que o pai mandava na mãe e nos filhos. O detalhamento de tais ideias está num livro esboçado por Marx e escrito por Engels. Trata-se de “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, livro queridinho de Lênin, contrário aos princípios do cristianismo.

    O Papa Pio XI, em 1931, em sua encíclica “Quadragésimo Ano”, comemorativa da “Rerum Novarum”, já havia percebido a mudança que houve no comunismo, que parecia em queda, em direção ao que se chamou “novo socialismo”. Este passou a ter como objetivo uma tomada do poder por outro mecanismo que não era mais a ação violenta, e sim, o chamado socialismo educacional ou pedagógico. Passou a se preocupar com a formação das inteligências desde a infância nas escolas e nas faculdades. 

    A família é vista como uma instituição burguesa a ser destruída para viabilizar a igualdade entre classes e pessoas. Herbert Marcuse, filósofo alemão representante da Escola de Frankfurt, em livros como “Eros e Civilização”, de 1955, critica a sociedade atual como estranguladora do Princípio do Prazer. A revolução não viria mais da classe operária, mas dos segmentos sociais que desafiam o status quo, o que inclui transgressores como os marginalizados, os delinquentes, traficantes, sequestradores e até bandoleiros.

    Tem ou não tem cara do Brasil de hoje? O jornalista R. J. Guzzo foi no fígado: “O Brasil é hoje um estado no qual a corrupção é pública, permitida e incentivada e quem se opõe ao crime é perseguido pela máquina da Justiça”.

    A gravidade da situação a que chegamos pode ser ilustrada por um vídeo em que o sr. Lula, usando termos de baixo calão em relação ao senador Moro, diz algo incompatível com o decoro do cargo que ocupa: “Estou aqui para me vingar dessa gente”. Da tribuna do senado, Moro deu resposta à altura. Suas decisões não foram pessoais, mas baseadas nos autos dos processos contra os crimes cometidos por Lula.

    Ato contínuo, a Polícia Federal conseguiu desbaratar uma quadrilha que vinha se organizando para sequestrar e até matar autoridades em ato de vingança contra medidas tomadas contra o crime organizado. Em especial, segregar suas lideranças em presídios de segurança máxima para impedir que continuassem a se comunicar com suas bases criminosas. Os principais alvos incluíam o senador Moro e sua mulher, que é deputada federal.  A segurança de ambos, por razões óbvias, foi reforçada.

    O atual ministro da Justiça se apressou em vir a público declarar que não caberia dar qualquer conotação política aos fatos ocorridos. Elogiou, como não poderia deixar de fazer, as ações da Polícia Federal. Felizmente, a Polícia Federal tem autonomia, dentre suas funções, para fazer a “investigação de infrações penais que prejudiquem a ordem social e política do Brasil”. E foi exatamente o que fez. 

    Imagine, caro leitor, se a Polícia Federal estivesse sob o tacão do ministério da Justiça, cujo ministro está sob a autoridade do presidente da República, como já foi no passado. No caso atual, de um presidente que disse: “Estou aqui para me vingar dessa gente”. Não só isso. É evidente a vista grossa do governo federal em relação às invasões dos Sem Terra a propriedades produtivas, a que se soma a leniência em relação ao crime organizado a ponto de relaxar as condições que dificultavam sua comunicação com seus comandados.

    A reação de Lula às investigações da Polícia Federal e às prisões realizadas é puro non sense: “É visível que é uma armação do Moro”. Visível para quem? Só para ele! Essa desconexão com a realidade dos fatos vem se agravando nas falas de Lula. A despeito das nossas falhas institucionais, temos dispositivos que o impedem de fazer aqui o que bem entende. Pelo menos isso.

    Nota: Digite no Google: “DOIS MINUTOS COM GASTÃO REIS: Inversão de Valores”:

    Últimas