• Lollapalooza 2023: Mulamba transforma palco de festival em manifesto feminista

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  • 25/03/2023 16:27
    Por Ana Lourenço / Estadão

    Inaugurando o palco Budweiser no segundo dia do Lollapalooza, Mulamba, grupo da cidade de Curitiba, é formado apenas por mulheres e faz música focada em temáticas como violência contra a mulher.

    Ser uma banda formada inteiramente por mulheres, de todas as cores e formas, e com uma equipe completamente feminina é um ato político. No grupo estão Amanda Pacífico (vocal), Cacau de Sá (vocal), Érica Silva (guitarra, baixo, violão), Naíra Debertolis (guitarra, baixo, violão), Caro Pisco (bateria), Fer Koppe (violoncelo).

    O nome já indica o que esperar da apresentação: um manifesto. Mulamba, afinal, é uma palavra de origem angolana que significa “pessoa suja e marginalizada”.

    “Que bom estar aqui pela primeira vez no Lolla. Para nós é uma honra vocês estarem aqui debaixo do sol, nesse calor dos infernos. Espero que vocês gostem”, falou Amanda, uma das vocalistas.

    A emoção tomou conta da performance, logo na abertura do palco Budweiser neste sábado. As seis, visivelmente emocionadas, dividiram com o público meia hora de músicas grandiosas e cheias de manifestações.

    Entre os temas das canções está presente o empoderamento feminino, combate ao machismo, igualdade de gênero, a busca pelo sexo livre e a luta contra o feminicídio. As letras, tão fortes, tocam em quem escuta, assim como em quem as produz.

    “Abaixo o feminicídio, abaixo a transfobia” foi um dos gritos de manifestação vindo de cima do palco.

    Teve quem chegou mais cedo ao Autódromo de Interlagos para curtir o som de Mulamba, como a professora Giovanna Santos, de 23 anos.

    “As letras são muito boas, e por ser uma banda só de mulheres é algo que gostei bastante. Cheguei mais cedo só por causa delas. E chorei na primeira música”, comentou.

    A conexão entre a força da batida e o conteúdo de cada música é perceptível. Para o público pequeno porém animado que acompanhou o show, era impossível não sentir a emoção das artistas.

    “Eu gosto principalmente das letras, como mulher. Elas são pesadas, tristes e lindas. Até meu namorado, quando começou a ouvir, também (ficou impactado). Você sente o impacto, e isso é todo dia para a mulher”, disse a designer gráfica Ana Luiza Roman, que ficou e cantou até a última música.

    Mulamba pode ter sido a primeira banda a se apresentar no dia, mas para a fã essa era a atração principal.

    “No Lolla, na verdade, é o que eu mais estava esperando. Gosto do Blink-182, mas na hora que comecei a pegar firme as músicas delas… nossa.”

    Ao fim da performance, a vocalista Amanda falou novamente no microfone e transbordou humildade.

    “Vocês poderiam estar fazendo algo muito melhor, mas não. Vocês estão aqui. Obrigada de verdade. Quero agradecer a todo mundo, quem está trabalhando, quem filmou, quem cuida da limpeza”, citou, deixando também uma crítica às acusações de utilização de trabalho escravo na montagem do festival. “Espero que estejam todos trabalhando com dignidade.”

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