Lojas fechadas evidenciam crise
Com pelo menos 71 lojas, que ficam na beira da rua, fechadas a crise que assola o país, com destaque para o Estado do Rio de Janeiro, confirma os reflexos negativos que causou em um dos principais setores econômicos de Petrópolis nos últimos anos: o comércio. Segundo a presidente da Associação da Rua Teresa (Arte) Cláudia Pires, a expectativa para 2018 a partir de deste mês é que o movimento nos polos de moda da cidade melhore gradualmente. Apesar disso, muitas lojas permanecem fechadas e o local que já foi o maior shopping a céu aberto da América Latina, com cerca de 1.300 lojas, hoje possui aproximadamente 850 em funcionamento.
Ao subir a Rua Teresa, ou circular no polo de moda do Bingen, e até em shoppings de Itaipava não é difícil encontrar um número cada vez mais expressivo de lojas fechadas. E esse processo de esvaziamento provoca uma reação negativa na maior parte dos consumidores, principalmente quando se trata de turistas e vistantes. Nem mesmo as lojas que ficam no início da Rua Teresa e na beira da rua escaparam da crise, muitas se encontram vazias e com anúncios de corretoras de imóveis em busca de novos clientes. Mas ao que tudo indica a situação ainda deve demorar algum tempo para que uma recuperação efetiva do setor possa ser sentida.
“Eu faço o possível para ajudar os lojistas que estão na mesma galeria que eu, que possuo loja na beira da rua. Isso porque não é bom para ninguém ter um empreendimento em um local onde várias lojas estão fechadas. Isso acaba causando um certo desânimo no comprador que muitas vezes não continua subindo a rua por acreditar que muitas outras lojas estão fechadas também. Por isso incentivamos que os proprietários desses imóveis sejam mais complacentes com os inquilinos para que os comerciantes possam enfrentar essa crise sem precisar mudar de ponto, ou de fato encerrar o negócio. Mesmo sabendo que estamos em um momento de recuperação que daqui há uns meses mostrará resultados positivos, é preciso que todos se ajudem”, considerou Cláudia.
Os aluguéis caros, e a dificuldade de negociação com os donos de lojas da cidade foram alguns pontos atribuídos a demora na recuperação do comércio da cidade. Para o presidente do Sicomércio, Marcelo Fiorini, essa falta de diálogo com alguns proprietários de imóveis potencializa a dificuldade enfrentada pelos empresários em momentos de crise como o atual. Além disso, ele ressalta que todos os anos os primeiros dois meses registram um movimento significativo de mudança de lojas, já que é um período de negociação de contrato entre o inquilino e o proprietário. Isso significa, que em caso de não haver um acordo bom para ambas as partes não é incomum que um empresário migre da loja em que estava para outro imóvel que ofereça melhores condições de pagamento.
“Essa migração ocorre com a economia estando boa ou não, portanto é normal que nesses primeiros meses alguns imóveis fiquem vazios e outros que não estavam ocupados passem a ser alugados. Apesar disso, diante da crise que vivemos é importante que os proprietários desses imóveis sejam mais compreensíveis com esse momento difícil. Isso porque não é novidade que a maior parte do rendimento dos empresários da Rua Teresa caiu pela metade, ou seja, como o comerciante consegue manter o pagamento do mesmo aluguel, ou até assumir a cobrança reajustada, se já não lucra mais como antes? É preciso que esses proprietários se sensibilizem e renegociem valores com os inquilinos”, explicou Marcelo.
Marcelo ressaltou ainda que o país trabalha com o rendimento registrado em 2010, ou seja, com lucros e movimento que ocorriam há quase dez anos. Isso mostra o tamanho da dificuldade enfrentada por vários setores, entre eles o comércio. No país já são mais de 15 milhões de pessoas desempregadas.
Apesar desses dados, o corretor de imóveis Rafael Santos, não concorda que exista dificuldade de negociação com a maior parte dos proprietários de imóveis da cidade, entre eles os que possuem lojas nos polos de moda. “Isso é muito individual e no meu caso afirmo que a minoria desses donos de imóveis apresentam dificuldades e não reajustar os alugueis. Muitos não baixam o preço mas também não aumentam, e existem os que aceitam receber um valor mais baixo por determinado tempo com a esperança de ver uma recuperação do inquilino. Tenho um cliente que cobrava R$2.500 em uma loja, e apesar de estar vazia no momento, passou o aluguel para R$990 isso mostra a flexibilidade da pessoa”, ressaltou.
Para Rafael o que mais contribuiu para as dificuldades dos empresários petropolitanos foi a abertura de novos polos de moda em cidades vizinhas, as péssimas condições da BR-040, a criminalidade no trecho da Baixada Fluminense que dá acesso à cidade, e a falta de estrutura na Rua Teresa e outros pontos importantes do município que não oferecem banheiros, praças de alimentação, por exemplo, e vagas suficientes para estacionamento. “Nos nossos atendimentos aos sábados recebemos muitos moradores do Rio de Janeiro que reclamam dessas questões. Principalmente da dificuldade para estacionar”, avaliou.