• Locadora resiste ao tempo e mantém tradição de aluguel de filmes em Petrópolis

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  • 07/set 08:58
    Por Wellington Daniel | Foto: Wellington Daniel/Tribuna de Petrópolis

    Em uma época em que as plataformas de streaming dominam o mercado do entretenimento, a Toca do Vídeo, em Petrópolis, continua de portas abertas. Fundada em 1991, a locadora completa 34 anos sob o comando de Marcelo Luís Butturini, que se orgulha de manter vivo um espaço que já foi ponto de encontro de cinéfilos e que ainda hoje atrai clientes fiéis.

    Além dos filmes, a locadora também se destaca pelo aluguel de jogos de videogame — de consoles como PlayStation 3, 4 e 5, além de Xbox One e 360 —, o que tem ajudado a diversificar o negócio e garantir sua sobrevivência. “Muita gente jovem entra aqui e se surpreende: ‘pô, ainda tem locadora?’. Principalmente depois da pandemia, muitos acharam que tínhamos fechado. Mas continuamos aqui”, contou Marcelo. Segundo ele, os custos baixos e o fato de trabalhar sozinho ajudam a manter a Toca do Vídeo ativa.

    A procura, explica, vem de clientes que buscam títulos fora do circuito comercial. Ele cita exemplos de filmes como Basquiat e Imensidão Azul, que não estão disponíveis em plataformas digitais, mas que ainda despertam interesse de pesquisadores, estudantes e apaixonados por cinema. “O streaming segue uma lógica comercial, não de memória. Eles mantêm no catálogo o que dá lucro. Mas muitos filmes importantes acabam esquecidos, e isso gera uma perda cultural”, observou.

    No passado, a pirataria foi apontada como uma das grandes ameaças ao setor. No entanto, Marcelo lembra que a maior crise veio com a chegada da TV a cabo. “A queda foi de 40% do movimento de uma hora para outra. Tivemos que repensar o negócio. A pirataria impactou, mas não inviabilizou. Sempre houve um grupo consciente que continuou alugando”, destacou.

    Hoje, o cenário é outro: não há mais lançamentos de DVDs no Brasil por parte dos grandes estúdios, como Disney, Warner e Paramount, o que deixou colecionadores órfãos. “Ainda há quem compre para ter acervo, como quem coleciona vinil ou livros. Mas as produtoras deixaram esse público de lado. Quando lançam alguma edição, o preço é impraticável: 200 ou 250 reais. Esse mercado ainda tem potencial, mas precisa ser repensado”, disse.

    Marcelo sabe, no entanto, que a sobrevivência das locadoras está com os dias contados. “Esse é um mercado que vai ser extinto. Quando nós que ainda estamos abertos fecharmos, ninguém mais vai abrir uma nova locadora. Não é como padaria ou sapataria. É uma cultura que tende a desaparecer”, afirmou.

    Ainda assim, a Toca do Vídeo resiste como símbolo de uma era e ponto de referência para quem acredita que assistir a um filme também pode ser um ato de memória.

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