• Livro “O Olhar Germânico na Gênese do Brasil” é lançado nesta sexta-feira (16)

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  • 16/12/2022 16:16
    Por Aghata Paredes

    Será lançado nesta sexta-feira (16), às 18h, no Museu Imperial o livro que acompanha o projeto da exposição homônima, em cartaz até o dia 15 de janeiro de 2023, “O Olhar Germânico na Gênese do Brasil”.

    O diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior, e Rafael Cardoso, historiador de arte, são os organizadores da obra, além de responsáveis pela curadoria da mostra que encanta a todos que visitam o espaço.

    A autoria dos textos é assinada por Lucile Magnin, Fábio D’Almeida, Fabriccio Miguel Novelli Duro e Amanda Tavares Vitor Gomes. A organização dos textos desta edição bilíngue (português e inglês) foi dividida por temas: “Em busca do olhar germânico”;  “Luz, minúcia, transferências artísticas e beleza alegórica da natureza”; “A propósito de algumas obras de pintores viajantes alemães no Brasil do século XIX”; “Entre o golpe do punhal e o gosto do veneno: Ferdinand Pettrich e o nascimento da estatuária no Brasil”; “Emil Bauch, Ferdinand Keller, Friedrich Steckel, Georg Grimm: quatro artistas alemães, quatro papéis artísticos à mostra nas exposições gerais da Academia Imperial de Belas Artes”; “A Casa Leuzinger e o olhar germânico sobre a paisagem brasileira”.

    A edição conta com 282 páginas ilustradas, com patrocínio da Unipar, através da Lei de Incentivo à Cultura, e produção da Artepadilla.

    Questionado sobre como foi realizar a curadoria da mostra, em cartaz até janeiro, e organizar o livro, ao lado de Rafael Cardoso, Maurício Vicente não economiza palavras. “Conheço o Rafael há mais de trinta anos e planejávamos trabalhar juntos desde um encontro que tivemos em Berlim, em 2018. Em nossos debates, pretendíamos entender e discutir um pouco sobre uma certa negligência da historiografia brasileira para com os artistas de língua alemã atuantes em nosso país durante o século XIX. Uma historiografia que privilegiava a produção dos artistas de origem francesa. E ao observarmos a quantidade e a qualidade das obras de artistas germânicos presentes na coleção Geyer, a constatação ganhou a dimensão de um verdadeiro questionamento.”, conta.

    O grande objetivo do livro é divulgar a obra dos artistas de língua alemã no período em questão e lançar luzes sobre a contribuição de cada um na construção do Brasil como Estado nacional independente.

    “O presente livro dedica-se a decifrar um desses enigmas: o porquê da abundância de obras produzidas por artistas de origem germânica. O senso comum pode descartar a pergunta com explicações simples: porque o casal Geyer gostava de artistas alemães, porque era uma espécie de reencontro com o passado europeu da família, porque era o que havia no mercado para comprar… Porém, tais evidências não satisfazem a curiosidade histórica. O desejo da historiadora e do historiador é de interrogar os documentos e artefatos para tentar dimensionar as correntes profundas que subjazem os relatos estabelecidos, como já ensinaram mestres da historiografia mundial. A forte representatividade na Coleção Geyer de artistas de língua alemã constitui, portanto, um dado a ser problematizado”, sintetiza Maurício Vicente Ferreira Júnior.

    Sobre o que o público pode esperar da leitura, Maurício diz que o leitor vai poder descobrir belíssimas imagens do Brasil do século XIX e refletir sobre indagações como: existiria um olhar germânico sobre a gênese do Brasil? Quais as peculiaridades desse certo olhar? Quais as implicações desse certo olhar nas realidades locais e regionais?

    Relevância do tema para Petrópolis

    A exposição e o livro destacam artistas que atuaram na cidade de Petrópolis, como Karl Ernest Papf, e apresenta obras que apresentam o município como objeto de análise, reflexão e fruição.

    Em 1999, o casal Maria Cecília (1922–2014) e Paulo Geyer (1921–2004) doou ao Museu Imperial, em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, sua coleção de arte e a casa que a abriga, no bairro carioca do Cosme Velho. Em 2014, a Coleção Geyer foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tornando-se Patrimônio Cultural do Brasil. O conjunto era considerado a maior brasiliana em mãos particulares do país. A partir desta coleção preciosa de 4.255 pinturas, gravuras, desenhos, mapas, livros de viagem e objetos, os curadores  selecionaram 200 obras, para reconstituir parte da contribuição germânica (alemães, austríacos e suíços) à formação cultural do Brasil do século XIX, completada por peças do acervo do Museu Imperial e itens emprestados da coleção particular de Flávia e  Frank Abubakir. Johann Moritz Rugendas, Emil Bauch, Thomas Ender, Friedrich Hagedorn, Eduard Hildebrandt e Augusto Müller são alguns dos artistas e cientistas germânicos que registraram a paisagem humana e natural do país. Nasceu, assim, a mostra O Olhar Germânico na Gênese do Brasil, que está dividida em núcleos que contemplam os seguintes temas: Rio de Janeiro à vista – pinturas de paisagem com temática do RJ; Retratos da vida da corte – retratos de notáveis do Império; Olhar a gente brasileira – obras com figuras anônimas, a maioria aquarelas e desenhos; Imaginar o Brasil – livros e estampas litográficas relacionadas a vistas e viagens pelo país, e O olhar do colecionador, instalação com imagens e objetos da Casa Geyer.

    O contexto

    Foi depois da derrota de Napoleão Bonaparte que o Império Austríaco e o Império Português, então sediado no Rio de Janeiro, começaram a firmar uma aliança estratégica – expressada pelo casamento do príncipe D. Pedro de Alcântara com a arquiduquesa Leopoldina, filha do imperador austríaco Francisco I, em 1817. A comitiva que acompanhou a futura imperatriz em sua vinda ao Brasil incluiu os naturalistas Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius, incumbidos pela Academia de Ciências da Baviera de realizarem longa viagem de pesquisa pelo país. Trocas efetivas se ampliaram a partir de então.

    Questionado sobre o que destaca de mais relevante neste lançamento, Maurício conta que é o casamento entre a fruição estética e a reflexão sobre aspectos importantes para a história da Arte.

    O lançamento acontece nesta sexta-feira (16), às 18h, no Museu Imperial. Todos os petropolitanos e interessados pelo tema estão convidados.

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