Livraria da Vila reencontra seu leitor na Lorena
Samuel Seibel poderia ter se dedicado ao jornalismo – a carreira que escolheu -, ou então ao negócio da família – a Leo Madeiras, onde ele chegou para dar uma força com o “jornalzinho” e de onde só sairia 20 anos depois. Mas um dia ele teve uma epifania: seria livreiro. A ideia era começar do zero, mas, frequentador da Livraria da Vila, decidiu perguntar se a loja fundada por Aldo Bocchini e Miriam Gouvêa não estava à venda. E estava.
A história da Livraria da Vila começa em 1985. A da Livraria da Vila sob o comando de Samuel Seibel, em dezembro de 2002. Hoje, às vésperas de comemorar seus 20 anos como livreiro, ele inaugura uma nova loja nos Jardins. E na próxima semana, outra: em Ribeirão Preto.
Os últimos dois anos têm sido agitados por ali e Samuel, o filho Flávio e equipe não estão deixando passar boas oportunidades – seja de reorganizar a casa diminuindo o tamanho das lojas ou de crescer, ocupando espaços deixados pela Saraiva e pela Cultura e também chegando a novos locais – dentro e fora de São Paulo. Foi assim, “meio por acaso” e com “ousadia e cautela”, como Seibel coloca, e apesar da pandemia, que a Vila saltou de 10 livrarias em 2019 para 18 em 2022.
É confuso falar sobre essa loja que abre as portas às 10h de hoje na Alameda Lorena, 1.501. Samuel se refere a ela ora como inauguração, ora como reinauguração. Isso porque 17 anos atrás a Vila, tradicional na Fradique Coutinho, abriu sua segunda loja: justamente na Lorena, no número 1.731. E só fechou em abril porque será construído um grande prédio lá.
O livreiro conta que até poderia ter ficado, mas que seria um longo período de transtorno para os clientes. “Além disso, a loja precisava de algumas reformas e pensei: Vamos embora. Vamos para outro momento”, comenta com o Estadão no novo endereço.
EXPECTATIVA
“Ah, que bom que está quase pronta”, diz uma moradora da região espiando da porta entreaberta – de onde era possível ver a movimentação dos funcionários organizando os livros na última segunda-feira. “Estávamos sentindo falta da livraria. Eu ia comprar um livro hoje em outro lugar, mas vou esperar a inauguração”, comentou. Momentos antes, outro morador também ficou curioso e mesmo carregado de compras chegou a entrar. Estava animado: “Vai abrir hoje? Vai ter empanada?”. “Vai ter sim”, respondeu o proprietário.
A nova Livraria da Vila ocupa uma área de 400 m² (a anterior tinha o dobro) e seu projeto, assinado por Greg Bousquet, do escritório Architects Office SP, segue o das lojas recentes da rede – com mobiliário branco e detalhes em azul.
São dois andares. No térreo, livros e mais livros, a seção infantil, com alguns brinquedos também, artigos de papelaria e o caixa. No de cima, além de livro de humanidades e de gastronomia, está o Café La Guapa que vai servir as tais empanadas que o cliente mencionou. A loja fica entre a Augusta e a Padre João Manuel, ao lado da Casa Santa Luzia, numa quadra mais movimentada do que a que ocupou nos últimos anos.
“É uma loja completa, com curadoria cuidadosa e antenada com esses jovens adultos responsáveis pelo fenômeno que foi a Bienal do Livro e que vêm movimentando a venda de livros nos últimos anos”, diz Samuel, o livreiro que se divide entre a vida em SP e no sítio, entre seu negócio e as questões do mercado, suas leituras e o esporte – em 2023, ele espera chegar ao topo do Aconcágua.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.