• Literatura: O escritor Augusto Meyer

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  • 24/01/2020 13:18

    O poeta e ensaísta gaúcho Augusto Meyer (1902-1970) nasceu em Porto Alegre no mês de fevereiro. É justo pois que o recordemos agora, ainda mais que sua importância na literatura pátria convém ser novamente realçada.

    O autor iniciou sua obra literária pela poesia (Ilusão querida, 1923), mas adquiriu relevo pela adesão ao Modernismo incipiente a partir do segundo livro, Coração verde (1926) e principalmente Poemas de Bilu (1929); desde 1926, participando da revista Madrugada, influenciou bastante o modernismo do Rio Grande do Sul, tornando-se com o tempo um dos maiores poetas modernistas gaúchos.

    Foi diretor da Biblioteca Pública de Porto Alegre até 1938. Naquele ano, convidado para dirigir o Instituto Nacional do Livro, recém criado, mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, tomando posse em 1960. A importância de sua obra poética repousa principalmente em seus volumes de poesia modernista, sobretudo Poemas de Bilu.

    Nele, a inteligência se embate com a sensibilidade, dando em resultado o humour. Este chega ao escárnio, que, juntamente com o lirismo, prossegue no volume seguinte (Literatura e Poesia, 1931), em cujos poemas em prosa se desenvolve uma atitude bastante subjetiva.

    As coletâneas posteriores já são mais graves e serenas pelo ritmo e a expressão. Porém atualmente é muito mais bem considerada a sua obra de ensaísta, que se iniciou em 1935 com a publicação de Machado de Assis, onde realiza um enfoque original da obra do nosso maior escritor, cujos livros foram base permanente de sua análise crítica.

    Vêm a seguir À sombra da estante (1947), Preto & Branco (1956) e Camões, o bruxo e outros estudos (1958) que, juntamente com Le Bateau ivre, análise e interpretação do poema de Rimbaud (1955), sedimentaram a noção geral da excelência do seu ensaísmo. A chave e a máscara (1964) e A forma secreta (1965), de extrema maturidade e decantação, encerraram sua obra de ensaísta.

    Augusto Meyer foi também folclorista e memorialista. Importante na crítica e análise do gênero é o livro Prosa dos pagos (1943), no qual rastreia as condições sociológicas e a vivência que plasmaram o gaúcho seminômade, de costumes primitivos porém afeito a um código tácito de honra.

    Por outro lado, tanto no Guia do Folclore Gaúcho (1951) quanto no Cancioneiro Gaúcho (1952), há a preocupação de sistematizar e organizar o conhecimento específico do “gauchismo”. E como memorialista, com sua prosa límpida, leva o mundo da infância e adolescência aos leitores, em Segredos da infância (1949) e No tempo da flor (1966). Assim, podemos apreciar rapidamente uma obra notável, ainda menos conhecida no Brasil do que merece..

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