• Liberação da parcela do 13º não anima o comércio

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 23/09/2018 07:00

    O INSS (Instituto Social de Seguridade Social) depositou entre os dias 27 de agosto e 10 de setembro a primeira parcela do 13º salário de aposentados e pensionistas. Segundo cálculos, estão sendo injetados algo em torno de R$ 21 bilhões de reais, valores muito bem-vindos em tempos de crise econômica. No entanto, estes não são suficientes ainda para animar o comércio local próximo a reta final de 2018.

    Para o professor, contabilista e administrador Carlos Afonso, que também é autor do livro Organize suas Finanças e Saia do Vermelho, essa injeção de recursos na economia é de grande importância ao comércio, bem como para a indústria; portanto, as empresas realizarão diversas ações para atrair o consumidor. “É uma oportunidade dos estabelecimentos recuperarem um pouco os prejuízos ocasionados em função da Copa do Mundo (infelizmente, nem todos os setores econômicos lucraram com o evento esportivo). Depois, veio a greve dos caminhoneiros, que trouxe mais impactos negativos; seguido agora do período eleitoral, no qual habitualmente ocorre uma freada geral na economia”, declarou. 

    Leia também: Dicas para usar bem a parcela do 13º Salário

    Em plena recessão, o momento da economia brasileira não tem sido favorável para os comerciantes de um modo geral, e Petrópolis não foge à regra. O Caged é um bom termômetro para isso. Seus dados têm apontado para um déficit mensal na oferta de empregos, um sinal vermelho que retrata a escassez na circulação de dinheiro no município. Por isso, a liberação da primeira parcela é vista como um pequeno alívio, mas nem tanto. 

    O presidente da CDL Petrópolis, Luiz Felipe Caetano da Silva e Souza, afirma que o comércio entende que a liberação antecipada da primeira parcela do 13º dos aposentados é, sem dúvida, muito importante para o setor, mas também imagina que grande parte desses valores será usada para quitar dívidas e que, portanto, esses recursos não irão diretamente para o consumo.

    Leia também: Fazenda concede isenção de IPTU a idosos

    “Infelizmente a crise econômica brasileira é muito séria e está demorando tempo demais para se resolver. Com isso os consumidores enfrentam muitas dificuldades e os aposentados, em particular, não têm muita folga para o consumo. Muitos inclusive têm que ajudar seus filhos e netos, que podem estar desempregados. Por isso, acredito que grande parte desses recursos não irão diretamente para o consumo, mas sempre é um alento nesses dias difíceis, por menor que seja a parcela usada para as compras”, afirma Luiz Felipe.

    O presidente da CDL Petrópolis lembra ainda que o uso dos recursos serem usados para a quitação de dívidas junto ao comércio é muito positivo também, porque os lojistas recebem valores que poderiam demorar mais tempo para entrar no caixa e, além disso, esses consumidores podem tirar seus nomes do SPC Brasil e voltar ao mercado.

    Apesar do volume de dinheiro, setor permanece pessimista

    De fato, as palavras de Luís Felipe encontram um par na realidade entre os lojistas. Entre os aposentados e pensionistas, o setor farmacêutico é o que normalmente se beneficia quando a categoria está com dinheiro no bolso. O proprietário da Farmácia Petrópolis, Geovane Moreira, afirma que desde a liberação dos recursos houve um aumento, mas nada animador.

    “Tivemos um aumento de 10 por cento a partir da liberação do 13º dos aposentados. A frequência desse público, de fato, aumentou. Só que não o bastante para dizermos que estamos otimistas para um final de ano bom. Muito pelo contrário. As vendas seguem fracas, apesar desse dinheiro do governo chegar em um momento difícil para a nossa economia”, opinou o comerciante.

    Esse mesmo fenômeno temporário foi observado também no setor alimentício. José Francisco Passarone, dono do Cinda Lanches, percebeu um ligeiro aumento entre os clientes da terceira idade desde o fim de agosto. Porém, longe de reverter a atual tendência que, para ele, é preocupante e que põe em risco o plano de crescimento de seu comércio nesse fim do ano.

    “Além da parcela do 13º, houve também o dinheiro do PIS, que ajudou muito. O pessoal da terceira idade é uma parte importante do nosso faturamento, e percebi que cresceu um pouco a frequência no meu estabelecimento. Por outro lado, isso é apenas um grão de areia no deserto. O movimento ainda está muito fraco e falta o povo ter mais dinheiro para poder gastar”, explicou José Francisco, que trabalha no setor há 30 anos.

    Na contramão da tendência de gastos específicos com o dinheiro extra do INSS, a Tribuna encontrou um casal de aposentados que já tem em mente o que fará com boa parte do dinheiro recebido: viajar. Sem dívidas, o casal Lauro Almeida e Estrela Barros pretendem fazer uma viagem pelo Brasil em breve. Eles garantem não estar endividados e tampouco gastando o precioso dinheiro com remédios. Por isso, abre margem para investir no bem-estar.

    “O que vamos fazer com o dinheiro? Vamos passear”, disse, sem titubear, a aposentada que nasceu na Argentina, mas vive no Brasil desde 1956. O seu marido corroborou suas palavras e, de forma tranquila, frisou que está distante da crise que ronda o Brasil. “Não estamos com dívidas ou passamos por problemas de saúde, o que permite aproveitarmos melhor o dinheiro”, completou Lauro, responsável pelas finanças da família. 

    Leia também: Projetos culturais garantem mais qualidade de vida a pessoas da terceira idade

    Últimas