Líbano acusa Israel de ataque que matou 3 crianças e 1 mulher; Hezbollah responde com foguetes
O Líbano denunciou neste domingo, 5, que três crianças e uma mulher morreram vítimas de um ataque aéreo de Israel na cidade de Ainata, no sul do país. As tropas israelenses têm trocado fogo com o Hezbollah – grupo radical islâmico libanês – que disse ter lançado uma nova rodada de foguetes em resposta à morte dos civis. Tel-Aviv ainda não comentou a acusação.
O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, declarou em comunicado transmitido pela agência estatal de notícias que o “crime hediondo não ficará impune” e prometeu apresentar uma reclamação formal contra Israel na ONU.
Ainda segundo a agência, o ataque aéreo atingiu dois carros civis, que transportavam membros da mesma família. Um deles explodiu matando a mulher e três crianças de 10, 12 e 14 anos. O IDF, sigla em inglês para Forças de Defesa de Israel, ainda não se pronunciou sobre a acusação.
O alegado ataque israelense aumenta a tensão na fronteira entre os dois países, onde o Hezbollah tem trocado disparos com Israel desde o início da guerra. Neste domingo, o grupo radical reivindicou a autoria de foguetes que atingiram a cidade israelense de Kiryat Shmona, no norte do país, e disse que o lançamento foi uma resposta à morte dos civis libaneses.
Mais cedo, o IDF confirmou a morte de um cidadão israelense e atribuiu a culpa aos radicais islâmicos. “O Hezbollah continua desestabilizando a fronteira e arrisca a estabilidade no sul do Líbano”, disse o porta-voz Avichay Adraee no X (antigo Twitter).
Na sexta-feira, 3, o chefe do Hezbollah Hassan Nasrallah defendeu a troca de disparos que, segundo ele, obriga Israel a manter tropas no norte e tira o foco da Faixa de Gaza, mas que esse é um conflito “100% palestino” e que a participação do grupo na guerra deve continuar resumida ao fogo cruzado na fronteira, pelo menos por enquanto.
“Todas as opções estão na mesa. Devemos estar preparados para todas as possibilidades no futuro”, ameaçou Nasrallah.
O Hezbollah é um grupo radical islâmico financiado pelo Irã, que integra o chamado “Eixo da Resistência” uma aliança informal que inclui o Hamas, na Faixa de Gaza, e os rebeldes Houthi, no Iêmen. Além do braço paramilitar, o grupo também tem atuação política no Líbano.
A força estimada do Hezbollah é de 50 mil a 100 mil combatentes, além de um vasto arsenal com 200 mil armas, incluindo mísseis de alta precisão, aponta o Instituto de Estudos para Segurança Nacional, think tank com sede em Tel-Aviv.
Um conflito com o Hezbollah não seria inédito. Em 2006, as tropas de Israel invadiram o sul do Líbano, depois que os radicais islâmicos lançaram foguetes na fronteira e sequestraram dois soldados israelenses. O conflito se arrastou por 34 dias e matou quase 1,2 mil pessoas, apontou uma investigação conduzida pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU. (COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS)