Leny Andrade ganha tributo solidário e estelar do Blue Note
Os improvisos que ela faz em Influência do Jazz, apenas eles, já seriam a prova inconteste de que, por mais que Leny Andrade viva em um país de muitas vozes reverenciais, a sua conseguiu mais. Mas tem ainda os inebrios de Estamos Aí, a entrega de Velho Piano, os deslocamentos de Na Baixa do Sapateiro e tudo o que ela faz em A Noite do Meu Bem. Leny pode ser a mais ilustre costura de jazz, bossa e samba que já se ouviu em qualquer lugar. Caso único de uma voz que conseguiu incorporar elementos do jazz, e não virar as costas para ele, sem deixar de criar música brasileira. Ella Fitzgerald com Johnny Alf. Um lugar ao canto brasileiro que se sobrepôs ao rádio de Dolores, à bossa de Alaíde e à MPB de Elis e Bethânia. Leny paira sobre todas.
Aos 78 anos e residente do Retiro dos Artistas, Leny terá uma ajuda importante dos amigos e admiradores para o tratamento de sua saúde e de seus custos. Uma live transmitida pelo YouTube do Blue Note, às 21h de sexta, 8, pretende arrecadar recursos para a artista com a cobrança de ingressos pela plataforma Sympla ao preço de R$ 30. A reunião das pessoas que passarão por lá dá a dimensão da poderosa cobertura atemporal da cantora: Indiana Nomma, Alcione, Mônica Salmaso, Leila Pinheiro, Roberta Sá, Paula e Jaques Morelenbaum, Vanessa Moreno e Joyce Moreno. Escolha qualquer uma que haverá algo de Leny ali: os graves de Indiana, elogiados pela própria Leny; as “notas certas” de Monica Salmaso; o suingue de Joyce; o transbordamento de Alcione; a agilidade mental de Vanessa. E virão também Carlos Lyra, Gilson Peranzetta, Francis Hime, MPB4, Ivan Lins, João Bosco, Pedro Luis e Maria Gadú.