• Leila Pereira diz que foi ignorada pela Conmebol e que resolverá caso de racismo na Fifa

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  • 07/mar 14:58
    Por Ricardo Magatti / Estadão

    A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, comentou sobre os atos racistas dos quais foi vítima o jovem atacante Luighi, de 18 anos, em duelo da Copa Libertadores Sub-20, na noite de quinta-feira, no Paraguai. A dirigente repetiu que o clube alviverde irá até as “últimas instâncias” para que o torcedor racista e o Cerro Porteño sejam punidos de forma exemplar e afirmou que pedirá a exclusão do time paraguaio da competição. “Fomos à Conmebol e, se for necessário, vamos até a Fifa”, prometeu.

    “Não é a primeira vez que nossos atletas são atacados por racistas em um jogo contra o Cerro Porteño. O árbitro não acatou uma recomendação da Fifa, que é paralisar o jogo. O policial falou para nosso diretor de futebol que aquilo era normal, uma brincadeira. Basta! O Palmeiras não vai suportar mais qualquer tipo de crime contra nossos atletas. Vamos tomar medidas drásticas”, disse Leila Pereira.

    O jogador foi alvo de cusparadas dos torcedores no estádio Gunther Vogul, na região metropolitana de Assunção, no Paraguai, e relatou ter sido chamado de “macaco”. Pelas imagens da transmissão da TV, foi possível ver um homem com uma criança no colo imitando um macaco em direção ao atacante e ao meio-campista Figueiredo.

    A presidente do Palmeiras contou ter sido ignorada pelo presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez. “Não consegui falar com ele. A Conmebol está sendo muito displicente. Estou tentando desde ontem e não consegui”.

    Leila diz ter ligado para o jogador ainda na noite de quinta-feira. Ele também tem recebido apoio psicológico dos profissionais do clube no Paraguai, onde segue a delegação palmeirense. Classificada às semifinais, a equipe não cogita abandonar a competição.

    “Sou totalmente contra nos retirarmos da competição. Estaríamos punindo a vítima. São meninos. O sonho deles é brilhar no futebol. Quem tem que ser punido é o criminoso. Continuaremos competindo e nunca abandonaremos o campo. Vamos lutar por punições aos clubes e aos criminosos. Os clubes são coniventes”, explicou a cartola.

    Os advogados do Palmeiras estão conversando com a Conmebol e com a CBF, disse a dirigente, para que as punições sejam aplicadas ao time paraguaio e ao autor do insulto racista. “Como não conseguimos medida efetiva na Conmebol, vamos lutar na CBF e na Fifa. Fico meio descrente, mas vou continuar conversando”.

    Luighi recebeu apoio do Palmeiras e de Vinícius Júnior, um dos jogadores que mais luta contra o racismo que sofre sistematicamente na Espanha, além de outros clubes rivais no time alviverde, casos de Corinthians, São Paulo e Santos. “A gente sempre vai encontrar pessoas má intencionadas na vida, mas não podemos deixar que isso atrapalhe nossos sonhos. Falei isso pra ele”, relatou.

    Ao final do jogo, Luighi chorou e deu uma entrevista contundente e corajosa. Ele questionou o repórter da Conmebol, que preferiu perguntar sobre a partida e ignorar os insultos racistas do qual foi vítima o palmeirense. “É sério isso? Fizeram racismo comigo. Até quando? O que fizeram comigo foi crime. Você vai perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Você não ia perguntar sobre isso, né? Fizeram um crime comigo. Aqui é formação, a gente tá aprendendo aqui.”

    “Fiquei extremamente raivosa, comovida e chateada”, declarou a presidente depois de ver a entrevista do atacante. “Luighi é um gigante, tenho certeza que terá um futuro brilhante no Brasil e no exterior”.

    Os atos racistas se iniciaram após o Palmeiras fazer 3 a 0 sobre o Cerro Porteño, por volta dos 35 minutos do segundo tempo. Apesar de os atletas do time brasileiro terem mostrado ao árbitro da partida o que estava ocorrendo na arquibancada, o jogo continuou normalmente até o final e a equipe alviverde venceu por 3 a 0.

    Minutos após o fim da partida, o Palmeiras publicou uma comunicado em que se solidariza com Luighi e promete ir até “as últimas instâncias” para que os autores das ofensas racistas sejam punidos. “Emitimos nota porque precisamos nos manifestar”, justificou-se Leila aos torcedores. “Mas também tomamos providencias jurídicas”.

    Ela ressaltou ser uma mulher madura e experiente, por isso revida e não se sente atingida. “O que me deixa chateada é atacar um menino de 18 anos”.

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