• Lázaro Ramos revela que comprou casa em que mãe foi agredida para transformar em ONG

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  • 19/mar 15:02
    Por Redação E+ / Estadão

    Lázaro Ramos lançou nesta semana o livro Na Nossa Pele (editora Objetiva), continuação de Na Minha Pele, em que conta histórias pessoais para dialogar sobre racismo e o enfrentamento a preconceitos. Em uma das passagens da obra, o ator se recorda de quando comprou casa em que viu sua mãe, empregada doméstica, ser agredida pela patroa.

    O ator conta que tinha 10 anos quando acompanhou sua mãe, Célia Maria do Sacramento, em um dia de trabalho, em Salvador, e viu o momento em que ela foi vítima de agressão.

    “Numa dessas visitas, enquanto eu no quarto me distraía com algum brinquedo improvisado, ouvi de repente um estalo. Saí apressado para ver o que estava acontecendo e percebi que a patroa da minha mãe tinha acabado de dar um tapa no rosto dela. E continuava a humilhá-la”, conta em um trecho da obra, compartilhado pelo Gshow. “Minha mãe notou que eu estava ali. Por alguns instantes permaneci parado, olhando para as duas. Minha mãe visivelmente não sabia o que dizer ou fazer, e eu me recolhi.”

    Segundo Lázaro, a mãe continuou a trabalhar na mesma casa por mais três anos, e ele mesmo acabou apagando a passagem da memória por alguns anos. Em 2022, durante passeio com os filhos na capital baiana, ele adquiriu a propriedade, que hoje pertence a uma ONG que acolhe profissionais resgatados de trabalho análogo a escravidão. Ainda de acordo com o relato, o rosto de Dona Célia foi eternizado em um grafite na parede.

    “A sensação foi de vingança misturada com justiça e insegurança”, descreve. “Descobri nesse dia que dava pra sentir tudo isso junto. E deu ainda uma vontade enorme de fazer o tempo voltar e compartilhar com minha mãe essa e tantas outras conquistas.” Dona Célia morreu quando Lázaro tinha 19 anos.

    Lançado pela Objetiva, Na Nossa Pele é descrito como uma “continuação” da conversa de Na Minha Pele. Segundo a apresentação do selo, Lázaro “agora mostra que sua pele é coletiva, forjada em experiências e aprendizados comuns”.

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