• Lamentável

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  • 01/12/2016 12:00

    Dois jovens enamorados; ela, estudante, ele já deixara os estudos e a trabalhar exercendo a profissão de pintor.

    Ambos de origem humilde; ela criada, de certa forma, sem respeitar e ouvir os aconselhamentos dos pais; o namorado, ao contrário, obediente e atento aos ensinamentos dos pais e às ordens recebidas do empregador.

    Conheci-os quando começaram a namorar e eu acabando de deixar os bancos universitários, todavia, sempre a encontrá-los, já que residíamos em ruas próximas.

    Os pais dos jovens, não tão moços, acompanhando o namoro e reclamando que quatro anos já teriam se passado e “neca” de noivado; aspiravam, certamente, um compromisso mais sério para os jovens, até porque já haviam atingido a maioridade.

    Eis que o noivado ocorreu; festa, fotógrafos e tudo o mais a que tinham direito, evidentemente, com o sacrifício dos pais, que não dispunham de muitos recursos.

    De repente, transcorrido algum tempo, o noivado rompido e o compromisso “serra abaixo”.

    Os pais de ambos, inconformados e tudo a fazer no sentido de que a reconciliação viesse a surgir.

    Mas como diz o ditado, “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.

    E, realmente, a insistência fez dar lugar à reconciliação e, poucos meses após, deu-se o casamento. 

    Novamente, festa, fotos e tudo o mais; contudo, sempre com os pais do noivo a contar o dinheiro, “nota por nota”, segundo eles mesmos declaravam, ainda que de maneira reservada.

    Entretanto, almejavam o melhor para os filhos.

    Consumado o matrimônio, casa nova, bem mobiliada, sem nada a faltar ao casal, é bem verdade que à custa de sacrifício e parcimônia nos gastos.

    Após transcorridos poucos anos de convivência, uma situação singular passou a ocorrer: a esposa decidiu matricular-se em um curso noturno, já que pretendia concluir seus estudos; o marido, por outro lado, a não concordar, porém, acabando por ceder aos apelos da esposa.

    Triste fim se delineava para o casal, eis que a esposa acabara por perder o juízo, influenciada por más companhias, deixando de “andar na linha” e o marido, recatado, sempre com a esperança de poder resgatá-la.

    Não foi possível.

    Tomei conhecimento, tempos após, que a separação de ambos veio a se consumar e, por isso mesmo, lembrei-me do poeta quando escreveu: 

    “Enquanto em casa ele areia

    panelas e limpa o chão,

    a sua esposa passeia

    com o seu primo – o Ricardão”.

    Lamentável!

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