• Juros: Taxas ficam entre estabilidade e leve alta com Treasuries no radar

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  • 07/fev 18:37
    Por Denise Abarca / Estadão

    Os juros futuros fecharam a sessão entre a estabilidade e leve alta, acompanhando a piora vista no mercado de câmbio e o aumento da pressão na curva dos Treasuries. Já as taxas curtas oscilaram ao redor dos ajustes de ontem durante todo o dia, nesta véspera de divulgação do IPCA de janeiro.

    A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 9,955%, de 9,941% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 9,66% para 9,67%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 9,84%, de 9,81% no ajuste de ontem. A taxa do DI para janeiro de 2029 subiu de 10,25% para 10,26%.

    As taxas locais mantiveram boa correlação com a curva americana, operando inicialmente sem tendência clara, o que também era visto nos Treasuries. À tarde, os yields passaram a avançar de forma moderada, em meio a discursos de dirigentes do Federal Reserve reforçando a sinalização de que os juros não devem cair já na próxima reunião, em março. A alta perdeu fôlego após o Tesouro dos EUA informar resultado de um leilão com demanda acima da média e a taxa da T-Note de dez anos encerrava a tarde no patamar de 4,11%, de 4,09% ontem.

    O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, viu ainda alguma influência do câmbio na piora da curva quando o dólar tocou máxima em R$ 4,98 no meio da tarde, coincidindo, segundo ele, com a divulgação do superávit comercial de janeiro (US$ 6,527 bilhões) abaixo da mediana das estimativas (US$ 7,460 bilhões). “Mas, no geral, não teve nada relevante para explicar o mercado hoje, nem aqui nem lá fora”, resumiu. O dólar à vista encerrou em alta de 0,12%, ao R$ 4,9684.

    Além da balança, o calendário econômico trouxe os resultados do setor público consolidado de dezembro e de 2023, com déficit, em ambos os casos, acima do esperado. O mercado relegou os números a segundo plano porque os resultados ruins do Governo Central, relativos também ao fim de 2023 e divulgados na semana passada, já haviam reforçado o desconforto fiscal. “Além disso, a percepção é de que a arrecadação começou 2024 de maneira bem forte”, afirma Borsoi.

    Outro indicador pior do que o estimado foram as vendas do varejo, que em dezembro caíram 1,3%, retração bem maior do que a de 0,2% apontada pela mediana das estimativas, no conceito restrito. As vendas ampliadas cederam 1,1%, ante expectativa de alta de 0,3%.

    Com o quadro fiscal em banho-maria, à espera da definição por exemplo da desoneração da folha de pagamentos e com o futuro da meta de primário zero de 2024 em jogo, a ponta longa segue refém do exterior, especialmente das expectativas sobre os juros americanos. O Ministério da Fazenda afirmou hoje que a meta será cumprida, mesmo sem a exigência de medidas compensatórias para a ampliação da isenção da cobrança de Imposto de Renda.

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou a importância de o governo tentar perseguir a meta, ainda que seja difícil, dado potencial de queda de juros que essa persistência pode gerar. “É importante sempre o equilíbrio entre receitas e gastos, a gente vê que o governo está fazendo uma força”, disse, em participação em evento do Meio & Mensagem. “É muito importante porque tem conexão direta com a taxa de juros.”

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