Juro médio no crédito livre sobe a 29,9% em agosto; cheque especial sobe a 124,9%
Em meio ao ciclo de alta acelerada da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa média de juros no crédito livre passou de 28,9% ao ano em julho para 29,9% ao ano em agosto, informou nesta segunda-feira, 27, o Banco Central. Em agosto de 2020, essa taxa estava em 26,6% ao ano.
Com o resultado de agosto, a taxa média de juros no crédito livre acumulou alta de 4,4 pontos porcentuais nos oito primeiros meses de 2021.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 39,8% para 40,9% ao ano de julho para agosto, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 15,5% para 16,2%.
Cheque especial
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 124% ao ano (dado revisado) para 124,9% ao ano de julho para agosto. No crédito pessoal, a taxa passou de 32,3% para 33,2% ao ano.
Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
Além da limitação do juro, os dados atuais refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. Os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.
Veículos
Os dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 21,9% ao ano em julho para 22,7% em agosto.
Juros no crédito total
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 20,4% ao ano em julho para 21,1% ao ano em agosto. Em agosto de 2020, estava em 18,6%.
ICC
Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,2 ponto porcentual em agosto ante julho, aos 17,5% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.
Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
Spread
O spread em operações de crédito apresentou estabilidade no último mês. Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre seguiu em 21,7 pontos porcentuais na passagem de julho para agosto.
O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 32,2 para 32,4 pontos porcentuais no período. Já para pessoa jurídica, o spread médio passou de 8,7 para 8,4 pontos porcentuais.
O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.
O spread médio do crédito direcionado foi de 3,9 para 3,6 pontos porcentuais na passagem de julho para agosto.
Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 14,6 para 14,5 pontos porcentuais no período.
Inadimplência
A taxa de inadimplência total nas operações de crédito livre com os bancos seguiu estável em 3,0% na passagem de julho para agosto, informou o Banco Central.
Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 4,1% para 4,2% no período. No caso das empresas, a taxa continuou em 1,6%.
A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) também seguiu em 1,4% em agosto, no mesmo patamar desde maio.
Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência ficou estacionada em 2,3% no mês passado.
Endividamento
O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro continuou batendo recordes e ficou em 59,9% em junho, ante 59,3% em maio, informou o Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 37,1% em junho, ante 36,6% em maio.
O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.
Em função da metodologia utilizada, os números de endividamento sempre eram divulgados com apenas um mês de defasagem. Em setembro do ano passado, no entanto, o BC adiou a divulgação de dados referentes ao endividamento e ao comprometimento de renda das famílias brasileiras, em função de alterações de datas promovidas pelo IBGE. Agora, o BC atualiza os números com referência em junho.
Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias para pagar parcelas mensais de empréstimos com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 30,9% em junho, ante 30,7% em maio. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 28,3% em junho, ante 28,2% em maio.