Jovens produzem artigos de moda com restos de tecido
Sobras de tecido e alguns restos de viés foram a matéria-prima inicial da Usawa Upclyclin. Há um mês, duas estilistas petropolitanas, Isabela Carvalho e Tatiane Gonçalves, ousaram e apostaram no conceito sustentável para criação de pulseiras e colares. Desempregadas devido à crise econômica que o país enfrenta, as meninas investiram no antigo sonho de empreender em um negócio que gerasse emprego e renda a famílias de baixa renda.
Usawa é uma palavra de origem africana e significa igualdade. Já Upclyclin, que pode ser traduzido por valorizar, é o processo definido pelo ato de transformar resíduos ou produtos inúteis e descartáveis em novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade. A partir daí, as estilistas misturaram cores, linhas e tecidos em colares e pulseiras que remetem claramente à cultura africana. As peças são alegres e valorizam os looks mais básicos. Elas podem ser usadas tanto sobrepostas como também sozinhas.
Tatiane e Isabela trabalharam juntas no último emprego e a sociedade surgiu quando a empresa fechou as portas. No entanto, a vontade de montar o próprio negócio surgiu ainda na confecção, onde deram os primeiros passos. “Pedimos os tecidos que seriam descartados e fizemos algumas peças. Muitas coisas sobravam e as empresas não conseguem administrar essas pontas”, conta Tatiane.
A primeira coleção da Usawa foi possível a partir de uma doação da dona de um depósito de tecidos, que fica no distrito de Cascatinha. “A Tati também tinha restos de tecido e outros restos de viés que seriam jogados fora. Começamos a fazer pulseiras e colares mais simples e aos poucos o trabalho foi sendo lapidado”, afirma Isabela. “Mas agora precisamos de parceiros, pois sabemos que muitas indústrias descartam as sobras, um material que pode gerar emprego e renda”, ressalta Tatiane, que também disse que estão abertas a parcerias para criação de coleções específicas que retratem também as características da marca.
A intenção do projeto é utilizar quatro núcleos de matéria-prima, sendo os refugos de confecções, sobras de couro, restos de jeans e câmaras de pneus. Já a mão de obra será recrutada. Para as estilistas, as pessoas estão mais atentas ao conceito de sustentabilidade e os planos futuros abrangem expandir o negócio com o ensinamento das técnicas aos interessados a fazer parte da Usawa. A intenção é montar grupos de trabalho.
“Percebemos que a dificuldade em começar o próprio negócio é a falta de capital e a matéria-prima. Daí vimos que poderíamos criar coisas muito legais com os refugos. Se conseguirmos por meio do nosso trabalho transmitir o nosso conceito e proporcionar condições mais dignas para as pessoas que estiverem ao nosso lado, vamos cumprir nosso papel, porque esse é o nosso sonho”, diz Isabela.
As peças custam de R$ 15 a R$ 40 e são comercializadas nas redes sociais Facebook e Instagram (usawa_upcycling) e já no primeiro dia tiveram uma grande aceitação do público. Mais de mil internautas visualizaram a página. Os interessados podem adquirir as peças também no Espaço Shiva, que fica na Rua 13 de Maio, 259, Centro, Petrópolis.