• Jovens com deficiência temem perder horário de tratamento na Apae, devido à falta de transporte público no Município

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 29/10/2022 16:27
    Por Helen Salgado

    A vida dos jovens deficientes que precisam de transporte para realizar tratamento na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), não está fácil. Isso porque eles ainda enfrentam dificuldades para conseguir ir até a Associação; alguns deles, inclusive, temem perder os horários do tratamento devido à falta de frequência. 

    Saiba mais: Jovens com deficiência enfrentam dificuldade para conseguir transporte para tratamento em Petrópolis

    O transporte foi solicitado em janeiro, mas dez meses já se passaram desde a primeira solicitação. O grupo ainda aguarda uma resposta. Conforme noticiado em uma outra matéria sobre o assunto, em julho, Laisa Rios, mãe de uma jovem com deficiência, recebeu um e-mail do Núcleo de Tutela Coletiva da Defensoria Pública informando que o Secretário de Saúde resolveria a situação ainda naquele mês. No entanto, nada foi feito.

    Laila Rios, filha de Laisa, tem tratamento na Apae de terça a sexta-feira. Sem o transporte público, Laisa não tem conseguido levar a filha para realizar o tratamento diário, já que mora no Quitandinha e, além disso, um uma corrida com carro particular de sua casa até o local custa, em média, R$ 30. Sobre isso, a mãe desabafa: “Como ganhando um salário-mínimo vou manter as contas, alimentação e tudo que ela precisa? É dar comida ou levar ao tratamento.”, desabafa a mãe.

    Laila consegue estar na Apae de 15 em 15 dias ou uma vez por semana. Com a pouca frequência da paciente nos tratamentos, há um risco de ela perder a vaga, sendo que alguns tratamentos oferecidos na Apae não estão disponíveis no município.

    “Eu não tenho condições financeiras de chegar até lá com ela. A proposta de redução de horário é, justamente, porque eu não tenho conseguido manter a frequência. A Prefeitura não liberou o transporte ainda. Antes da pandemia, meu pai a levava. Fazia chuva ou sol, a minha filha estava lá. Ela nunca foi uma criança de faltar por qualquer coisa. A gente sempre manteve o trabalho dela, mas, infelizmente, o Covid levou o meu pai. Eu não tenho carteira e, hoje em dia, eu não posso nem trabalhar fora porque eu tenho que cuidar da minha filha. Quem fazia isso antes era ele.”, conta.

    Suzana da Silva Rosa Vieira, de 22 anos, possui tumor cerebral (TC). A jovem não faz uso de aparelhos, mas é cadeirante. Moradora do Caminho do Alcobaça, a mãe, Maria Silvana da Rosa Vieira, desabafa que não tem acessibilidade e transporte público, embora a filha tenha direito. Maria Silvana luta pelo direito de locomoção de pessoas com deficiência há anos. Em entrevista à Tribuna, ela relembrou de uma matéria veiculada solicitando o transporte para os deficientes em 2012. “Desde dessa data que a gente vem lutando.”, conta Maria Silvana.

    A filha, Suzana, faz tratamento na Apae às terças-feiras. Para conseguir ir até o local a mãe recorre a um uber e paga R$ 50 por viagem de ida e volta. “Está sendo inviável. Eu tenho que ter esse transporte. As coisas estão caras. Para quem tem renda de um salário-mínimo fica caro.”, desabafa.

    Na tarde de quarta-feira (26), em contato com o Núcleo de Tutela Coletiva, foi informado que a Defensoria entrará com uma Ação Civil contra a Prefeitura para que o transporte seja liberado.

    A Secretaria de Saúde do Município informou que o termo de referência para contratação de uma empresa com carros adaptados já foi concluído e está em tramitação. O transporte de pacientes com mobilidade reduzida foi debatido no 1º Fórum da Pessoa com Deficiência. A discussão resultou em um estudo das necessidades pela equipe técnica da Secretaria de Saúde em todas as instituições que atendem pessoas com deficiência, bem como de pessoas que tenham outras necessidades de terapias assistidas. Foi informado também que o objetivo era fazer o diagnóstico real das necessidades com o intuito de viabilizar o transporte intradomiciliar para tratamentos dos pacientes.

    Últimas