• Jovem vítima de coronavírus buscou auxílio em quatro locais

  • 20/03/2021 13:50
    Por Paula Felix / Estadão

    A doméstica Érica Marques Cardoso, de 26 anos, viajou de Minas Gerais para São Paulo na expectativa de participar do casamento dos tios. Chegou duas semanas antes da celebração, que seria realizada no dia 14. Acabou acompanhando os últimos dias de vida do primo Renan Ribeiro Cardoso, de 22 anos, primeiro paciente a morrer na fila por vaga em UTI na cidade de São Paulo.

    Cardoso era microempresário e tinha uma pizzaria no Recanto Verde Sol, na zona leste da capital, e não estava saindo de casa com medo de infectar a mãe, que tem diabete. O primeiro sintoma da covid-19 que teve foi a perda de olfato. Dois testes de farmácia tiveram resultado negativo, mas ele resolveu buscar a Unidade Básica de Saúde (UBS) Recanto do Sol para fazer o teste no dia 9 e foi diagnosticado com a doença.

    No dia seguinte, foi atendido no Hospital Santa Marcelina, de Cidade Tiradentes, onde foi medicado e liberado. No dia 11, o quadro se agravou e ele foi à AMA Jardim Laranjeiras. Foi orientado a voltar para o hospital e preferiu buscar assistência médica no Pronto Atendimento São Mateus II.

    “Falou que estava muito cansado. Não tinha maca para colocar ele, passou a noite na cadeira. Ele tinha 172 kg”, conta Érica. No dia 12, Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o paciente foi incluído no sistema de regulação de leitos para tentar uma transferência.

    Na espera pelo leito de UTI, o estado de Cardoso piorou mais uma vez. Em pouco mais de uma hora, ele morreu. Dezenove minutos depois, veio a vaga. “Era um jovem amigo do pais, filho único, muito amado. O sonho dele era casar os pais, mas o casamento foi adiado por causa do estado de emergência.”

    Procurada ontem à noite, a secretaria disse que não conseguiria checar o histórico de assistência ao paciente até as 20 horas de ontem.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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