• Joga o lixo fora da alma

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  • 28/01/2017 12:45

    Regra de bem viver é não acumular lixo na alma. Reflexão nascida das crônicas anteriores, que tiveram o lixo por mote. Quando alguém despeja em você impropérios imerecidos, rasteiras traiçoeiras, ódios gratuitos, evite acolher em modo de mágoa ou rancor esse lixo que não te pertence. Treinei atendentes de balcão. E dizia, atenda com excelência, sorriso e paciência, busque os atalhos e resolva os problemas. Mas alertava. Mesmo quando estiver fazendo tudo ótimo, um dia alguém vai cruzar teu caminho aos brados, e atirar na tua frente o cadáver de uma dor, o mau cheiro de uma angústia, o lixo da injustiça ou mágoa que trouxe de fora, de casa, de outro balcão. Como não soube descartar o seu lixo, a pessoa poluiu-se. Gente caçamba que resolve transbordar justo sobre você. Não leve pro lado pessoal, não deixe te afetar a autoestima. Redobre a paciência, seja bom ouvinte, mas faça o que a pessoa poluída não fez. Jogue aquilo no lixo. Não é teu. Não se polua. Tática boa para balcões de atendimento, prática indispensável à vida.

    A vítima de maus-tratos na infância, por exemplo, pode se tornar adulto praticante de atos opressores ou autodestrutivos. Porque não soube jogar fora seu pesado lixo emocional. Ortega y Gasset lavrou que o “homem é o homem e sua circunstância”. Acrescento, e seu lixo. Somos influências, geografia, família, condição social, época histórica e agregados de DNA. Desse liquidificador saímos. Sumo de gente, pronta a ser feliz e fazer outros felizes, ou fel de gente prestes a estragar a vida de alguém. Mas o livre arbítrio existe. Circunstanciado, mas existe. Você não nasceu predestinado à infelicidade ou à amargura. Talvez vá sofrer provações, pais cruéis, injustos patrões e famílias abismo. Mas o que você fará desse lixo, é escolha pura. Ato de higiene moral e espiritual, fé e vontade. Há maltratados de famílias ruins e empregados de patrões ditadores que não se rendem à negatividade. Dos cacos da infância destruída, reciclam bases para a vida adulta de superação e vitórias; das dores dos impropérios imerecidos, reciclam paciências que ajudam a melhor caminhar. O apóstolo Paulo escreveu: “Não vos sobreveio provação que não pudésseis suportar”.

    Então, motive-se na visão desses lixos que nos enojaram as ruas, para jamais deixar tua vida ser entulho, escória, mau cheiro e cães lazarentos passeando sobre teu coração. Mágoas, ódios, maus-tratos, impropérios, injustiças, memórias ruins… Jogue no lixo! O que puder, recicle conscientemente, em bons utensílios morais, atos do bem, personalidade positiva. O que não tiver remédio ou não for possível transformar, circunscreva, lixo radioativo, a ser chumbado em urnas de concreto, sob chapas de aço e enterrado em funduras de territórios isolados. Lá estará, cicatriz sim, mas que não mais te poluirá a mente e a alma. Abandone memórias podres, relacionamentos-lixão e hábitos-lixo. Pratique não só o que te dá prazer, mas sim o que te faz bem. Não o que corpo deseja, mas o que à tua alma melhora. 

    Oradores motivacionais pedem a plateias para listar seus problemas e depois amassar o papel, sová-lo, comprimi-lo ao extremo e então atirar no lixo a bolinha resultante, simbolicamente se libertando assim daqueles males. Pois, sugiro. Liste o teu lixo emocional, sove, amasse redondinho, comprima na folha desta crônica, que dará bom embrulho, e jogue tudo fora. Assim, abra espaço para a saúde da vida acontecer.

    denilsoncdearaujo.blogspot.com

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