• Jesus e a mulher

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 17/03/2020 10:47

    A Quaresma é para nós um tempo forte de conversão e renovação em preparação à PÁSCOA. Nos textos bíblicos deste terceiro Domingo da Quaresma, encontram-se úteis motivos de meditação muito indicados para esta renovação espiritual. Através do símbolo da água, que encontramos na primeira leitura ( Ex 17, 3-7 ) e no trecho evangélico da Samaritana ( Jo 4, 5 – 42 ), a Palavra de Deus transmite-nos uma mensagem sempre viva e atual: Deus tem sede da nossa fé e quer que encontremos n’Ele a fonte da nossa autêntica felicidade. O risco de cada crente é o de praticar uma religiosidade não autêntica, de não procurar em Deus a resposta às expectativas mais íntimas do coração, aliás, de usar Deus como se estivesse ao serviço dos nossos desejos e projetos.

    Vemos no trecho bíblico de Ex 17, 3-7 o povo hebreu que sofre no deserto por falta de água e, tomado pelo desencorajamento, como noutras circunstâncias, se lamenta e reage de modo violento. Chega a revoltar-se contra Moisés, chega quase a revoltar-se contra Deus. Narra o autor sagrado: “Provocaram o Senhor, dizendo: ‘O Senhor está ou não no meio de nós’?” ( Ex 17, 7 ). O povo exige que Deus venha ao encontro das próprias expectativas e exigências, em vez de se abandonar confiante nas suas mãos, e na prova perde a confiança n’Ele. Quantas vezes isto acontece também na nossa vida; em quantas circunstâncias, em vez de nos conformarmos docilmente com a Vontade divina, gostaríamos que Deus realizasse os nossos desígnios e satisfizesse todas as nossas expectativas! Em quantas ocasiões a nossa fé se manifesta frágil, a nossa confiança fraca, a nossa religiosidade contaminada por elementos mágicos e meramente terrenos! Neste tempo quaresmal, enquanto a Igreja nos convida a percorrer um itinerário de verdadeira conversão, acolhamos com humilde docilidade a admoestação do Salmo 94(95): ”Não fecheis os corações como em Meriba, como em Massa, no deserto, aquele dia, em que outrora vossos pais me provocaram, apesar de terem visto as minhas obras”. O Simbolismo da água volta com grande eloquência na célebre página evangélica que narra o encontro de Jesus com a Samaritana em Sicar, junto do poço de Jacó.

    Em Rm 5, 1-2. 5-8, São Paulo faz uma releitura significativa: A rocha é Cristo. Do Cristo morto e ressuscitado brota o Espírito como rio de água viva. “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5, 5).

    No Evangelho (Jo 4, 5-42), Jesus pede e oferece ÁGUA à Samaritana. A sede de Cristo é uma porta de acesso ao Mistério de Deus, que se fez sedento para nos aplacar a sede, assim como se fez pobre para nos enriquecer (cf. 2Cor 8, 9 ). Sim, Deus tem sede da nossa fé e do nosso amor. Como um pai bom e misericordioso deseja para nós todo o bem possível e esse bem é Ele mesmo. A mulher de Samaria por sua vez representa a insatisfação existencial de quem não encontrou o que procura: teve “cinco maridos” e agora convive com outro homem; o seu ir e voltar do poço para buscar água exprime uma vivência repetitiva e resignada.

    Últimas