Jamil Sabrá contratou sem licitação mão de obra superfaturada, aponta investigação
O diretor-presidente da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), Jamil Sabrá Neto, teria feito a contratação, com dispensa irregular de licitação, de mão de obra superfaturada, se aproveitando do estado de calamidade que a cidade enfrenta, aponta investigação. Como a Tribuna mostrou com exclusividade há algumas semanas, a Companhia contratou emergencialmente uma empresa para prestar o serviço de controle de trânsito, para o fornecimento de 25 funcionários, pelo valor de R$ 669 mil por três meses. Jamil foi afastado do cargo nesta manhã (12).
O contrato chamou a atenção porque, além do alto valor, foi firmado em maio, três meses após a primeira catástrofe e dois meses após a segunda. Além disso, a CPTrans também havia aberto mão do convênio com a Guarda Civil Municipal – uma parceria que garantia o mesmo serviço, e até mais, já que a Guarda Civil faz a fiscalização do trânsito – sem gerar valores adicionais aos cofres públicos.
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Um levantamento feito pela Tribuna aponta que, se o recurso fosse destinado à empresa contratada emergencialmente apenas para o pagamento dos 25 profissionais, cada operador de trânsito receberia R$ 8.929 por mês. O valor chega a ser superior à remuneração de funcionários de alto escalão da Companhia. O diretor técnico operacional tem na folha de pagamento a remuneração base de R$ 7.367,32, por exemplo.
Na manhã desta sexta-feira (12), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Civil da 105ª DP cumprem 13 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Jamil. As buscas acontecem na sede da CPTRANS, no Centro, e em endereços de funcionários do alto escalão da empresa e de empresários, nos Bairros de Itaipava, Nogueira, Secretário, Araras, Mosela, Retiro e Centro, todos em Petrópolis.
De acordo com a investigação, apura-se a existência de esquema de corrupção, dispensa irregular de licitação e desvio de recursos públicos por meio de favorecimento de empresa prestadora de serviços de terceirização de mão de obra, esquema criminoso que ocasionou prejuízo ao erário superior a meio milhão de reais.
A investigação aponta que a empresa foi contratada para prestar serviço de mão de obra por valor que representa mais do que o dobro do que vinha sendo praticado pela antiga prestadora de serviço. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Petrópolis.
Diretor-operacional assume presidência da Companhia
O Conselho de Administração da CPTrans se reuniu na manhã desta sexta-feira e decidiu afastar Jamil Sabrá da presidência da Companhia, e demais pessoas citadas na investigação. Quem assume é o atual diretor técnico-operacional da Companhia, Fernando Badia – que já ocupou o cargo de presidente no último mandato do prefeito Rubens Bomtempo, entre 2015 e 2016.