Já virou bagunça
Recordando acontecimentos e narrativas por parte de meus pais, pude me lembrar acerca de uma interessante situação, quiçá cômica.
Aliás, a tal respeito, já dizia minha avó paterna que, indiferentemente da classe social e também do poder aquisitivo das pessoas, fundamental seria receber dos pais, dentre outras, uma sólida educação.
E afirmava, ainda, que o cidadão mal educado carrega terrível pecha, além de enfrentar grandes dificuldades no transcorrer da vida.
E, exatamente, com relação a tais aspectos, lembro-me de uma passagem contada por meu pai, a propósito do ocorrido numa seção eleitoral, por ocasião da realização de eleições, quando ele e minha mãe compareceram para exercer o direito do voto.
E dizia: “…quando chegamos à seção eleitoral, situada na loja Maçônica situada à Rua Washington Luis, não havia fila para a votação e apenas uma pessoa já se encontrava presente, naturalmente com o direito de se dirigir à cabine de votação antes que eu e sua mãe o fizessem”.
Entretanto, o presidente da mesa, pessoa de bom trato e, sobretudo, educada, dirigiu-se à minha mãe, por se tratar de uma senhora, convidando-a a votar em primeiro lugar.
O meu pai, certamente, permaneceu aguardando que o cidadão que primeiro chegara cumprisse a obrigação do voto.
Encerradas as obrigações de praxe, a despedida com os agradecimentos por parte não só de meu pai, mas, também, de minha mãe pela gentileza e educação do cavalheiro que presidia os trabalhos.
Acontece, entretanto, que o cidadão que já houvera chegado se julgou preterido, pessoa, aliás, que meus pais conheciam e que já àquela altura, deveria ter ingerido “umas e outras”, uma vez que não abria mão de uma boa cachacinha.
E logo que o presidente concluiu o gesto de delicadeza e de boa educação, ouviu do “prejudicado”: “…É, já virou bagunça!”.
Meus pais deixaram o local e em chegando à casa relataram-me acerca do ocorrido.
Lembro-me que rimos a valer a tal propósito.
O cidadão, realmente, não aprendera boas maneiras ou, então, o álcool já lhe subira à cabeça.
Certo mais uma vez o poeta quando escreveu:
“A força bruta e a bravata
não se escudam na razão,
são argumentos de quem
não tem qualquer formação”