Israel bombardeia Beirute e Líbano acusa violação do cessar-fogo
Pelo menos cinco ataques atingiram o sul de Beirute nesta quinta-feira, 5, depois que o Exército israelense emitiu ordens de retirada para a região. O Líbano acusou Israel de violar o cessar-fogo com o ataque.
Imagens ao vivo da capital libanesa mostraram as colunas de fumaça preta saindo dos subúrbios do sul de Beirute, reduto do Hezbollah. Os relatos são de grandes congestionamentos, enquanto os moradores se apressavam para deixar a aérea.
O Exército de Israel confirmou os ataques e disse que atingiu “alvos terroristas” que pertenciam à unidade aérea do Hezbollah no sul de Beirute, segundo o porta-voz do Exército em língua árabe, coronel Avichay Adraee.
Em publicação nas redes sociais, o IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês) afirmou que terroristas do Hezbollah “enterraram” instalações para produção de drones em um bairro residencial de Beirute. “Acharam que poderiam se esconder e quebrar as regras sem serem notados. Spoiler: Nós os encontramos”, diz a publicação.
Esta foi a quarta vez que Israel atacou os subúrbios no sul de Beirute, desde que um frágil cessar-fogo interrompeu o conflito com o Hezbollah, em novembro do ano passado.
O Exército de Israel declarou que o Hezbollah está “trabalhando para produzir milhares de drones sob orientação e financiamento de grupos terroristas iranianos”.
“Está trabalhando para expandir sua indústria e produção de drones em preparação para a próxima guerra”, segue o comunicado, destacando o uso de drones nos ataques contra Israel.
O Hezbollah não se manifestou imediatamente, mas um representante do grupo negou que houvesse instalações para produção de drones nos locais atacados.
O governo do Líbano condenou os ataques. O presidente Joseph Aoun disse que os bombardeios são uma “violação flagrante” do acordo de cessar-fogo e do direito internacional, na véspera de uma data sagrada. Ele referia-se à Aid al Adha (“festa do sacrifício”, em árabe), importante celebração muçulmana que começa nesta sexta-feira.
Sem dar mais detalhes, Aoun acusou Israel de usar o Líbano como “caixa de correio” para enviar uma mensagem aos Estados Unidos. Washington negocia um acordo nuclear com Teerã, aliado histórico do Hezbollah, e alertou Israel que não ataque o Irã enquanto isso.
Por sua vez, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, elogiou a “execução perfeita” do ataque. Ele responsabilizou diretamente o governo libanês por permitir atividades terroristas que configuram violação do cessar-fogo, na visão de Israel.
Mais cedo, o primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, disse que o Exército desmantelou mais de 500 posições militares e depósitos de armas no sul do país, perto da fronteira com Israel, desde o cessar-fogo.
Pelo acordo, o Hezbollah de deveria retirar suas forças e desmantelar toda a infraestrutura militar ao sul do Litani, rio situado a cerca de 30 quilômetros da fronteira israelense.
Israel também deveria ter retirado suas tropas do Líbano, mas manteve soldados em cinco posições na fronteira e realiza bombardeios regulares contra o Hezbollah, muito debilitado pela guerra.
O conflito começou logo em 8 de outubro de 2023, quando o Hezbollah passou trocar disparos com Israel em apoio ao Hamas. Um ano depois, evoluiu para uma guerra em larga, que deixou mais de 4 mil mortos no Líbano, incluindo centenas de civis.
No mês passado, o governo libanês informou que os ataques israelenses mataram mais 190 pessoas e deixaram 485 desde o cessar-fogo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)