Irlanda faz exumação de restos mortais de quase 800 bebês achados em lar para mães solteiras
Autoridades irlandesas começaram a trabalhar nesta segunda-feira, 16, para escavar o local de um antigo lar administrado pela Igreja Católica para mulheres solteiras e seus bebês, a fim de identificar os restos mortais de cerca de 800 bebês e crianças pequenas que morreram lá.
A escavação no antigo Bon Secours Mother and Baby Home (Casa da Mãe e do Bebê Bon Secours) na cidade de Tuam, no condado de Galway, no oeste da Irlanda, é parte de um acerto de contas em um país predominantemente católico com um histórico de abusos em instituições administradas pela igreja.
O lar, administrado por uma ordem de freiras católicas e fechado em 1961, foi uma das muitas instituições desse tipo que abrigaram milhares de órfãos e mulheres grávidas solteiras que foram forçadas a dar seus filhos durante grande parte do século XX.
Em 2014, a historiadora Catherine Corless rastreou as certidões de óbito de quase 800 crianças que morreram no lar em Tuam entre as décadas de 1920 e 1961, mas só conseguiu encontrar o registro do enterro de uma criança.
Mais tarde, os investigadores encontraram uma vala comum com os restos mortais de bebês e crianças pequenas em uma estrutura de esgoto subterrânea no terreno da casa. A análise de DNA revelou que as idades dos mortos variavam de 35 semanas de gestação a 3 anos.
Uma grande investigação sobre as casas de mães e bebês constatou que, no total, cerca de 9 mil crianças morreram em 18 casas de mães e bebês, sendo que as principais causas incluíam infecções respiratórias e gastroenterite, também conhecida como gripe estomacal.
Daniel MacSweeney, que lidera a exumação dos restos mortais dos bebês em Tuam, disse que os sobreviventes e familiares terão a oportunidade de ver os trabalhos nas próximas semanas.
“Esta é uma escavação única e incrivelmente complexa”, disse ele em um comunicado, acrescentando que o jardim memorial no local estará sob controle forense e fechado ao público a partir desta segunda-feira (16).
Especialistas forenses analisarão e preservarão os restos mortais recuperados do local. Todos os restos mortais identificados serão devolvidos aos membros da família de acordo com seus desejos, e os restos mortais não identificados serão enterrados com dignidade e respeito, disseram as autoridades. Espera-se que as obras levem dois anos para serem concluídas.
*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.