• Irã dobra enriquecimento de urânio e pode produzir até 10 bombas, diz ONU

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  • 31/maio 16:29
    Por NYT e AP / Estadão

    Enquanto negocia um acordo nuclear com os EUA para não desenvolver armas atômicas, o governo do Irã quase dobrou o estoque de urânio enriquecido com um alto grau de pureza nos últimos três meses, indica um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) distribuído neste sábado.

    Segundo a AIEA, o Irã acumulou, até 17 de maio, 408,6 quilos de urânio enriquecido em até 60% de pureza. O nível é quase o dobro do estimado em fevereiro pela agência: 274,8 quilos. O aumento coloca o Irã como o único Estado sem armas nucleares em um ponto próximo de obtê-las, segundo a agência. Para construir uma bomba atômica, é necessário enriquecer urânio a níveis superiores a 95%.

    O aumento ainda dá ao governo de Teerã a capacidade de produzir cerca de 10 bombas nucleares, caso o regime dos aiatolás opte por seguir em frente com o programa.

    O relatório da AIEA aponta também que o regime iraniano decidiu acelerar sua produção provavelmente para ganhar vantagem em negociações conduzidas pelo governo americano, que busca um acordo com Irã para que o país interrompa a seu programa nuclear.

    Nesta semana, o presidente americano, Donald Trump, disse estar otimista sobre as negociações. O aumento, no entanto, coloca nova pressão sobre Washington, que vem pressionando o Irã a interromper toda a produção de material nuclear.

    O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, disse que o relatório indicava a necessidade de uma resolução diplomática da crise, com o auxílio de um sistema de inspeção muito robusto da agência.

    Nos últimos anos, o Irã desativou muitas das câmeras e sensores da agência em locais importantes, mas permitiu que os inspetores entrassem no país e medissem seus crescentes estoques de urânio enriquecido.

    Ameaça israelense

    A indicação de que Irã caminha para a bomba ocorre em paralelo às ameaças de Israel de um ataque militar a instalações do programa nuclear iraniano. Nas últimas semanas, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, tem argumentado que as principais instalações de produção de combustível nuclear do Irã nas cidades de Natanz e Fordow estão mais vulneráveis do que nunca, depois que as forças israelenses atacaram as defesas aéreas iranianas em outubro passado.

    Quando o relatório da AIEA começou a circular nesta manhã, Netanyahu divulgou uma declaração dizendo que eles pintaram um quadro “grave” e que as nações ao redor do mundo devem “agir agora para deter o Irã”.

    Mas ele não fez ameaças militares. Israel não é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear e acredita-se que possua um arsenal nuclear próprio, com cerca de 100 armas.

    Trump, por sua vez, disse nesta semana que avisou Netanyahu que seria “inadequado” bombardear as instalações quando ele achava que estava perto de um acordo. Mas ele também afirmou que qualquer acordo diplomático alcançado por Witkoff permitiria aos Estados Unidos desmantelar as instalações de produção nuclear do Irã – algo que os iranianos disseram que nunca permitiriam.

    “Quero que seja muito forte, que possamos entrar com inspetores, que possamos levar o que quisermos, que possamos explodir o que quisermos, mas que ninguém seja morto. Podemos explodir um laboratório, mas ninguém estará no laboratório”, disse Trump aos repórteres.

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