• Irã desafia Ocidente, testa míssil balístico e constrói instalação nuclear em caverna profunda

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  • 25/05/2023 15:13
    Por Associated Press / Estadão

    O Irã testou com sucesso nesta quinta-feira, 25, um míssil balístico com alcance potencial de 2.000 km, informou a mídia estatal, dois dias depois que o chefe das Forças Armadas de Israel levantou a perspectiva de “ação” contra Teerã por causa de seu programa nuclear.

    Ainda nesta semana, a AP revelou que o Irã está terminando de construir, debaixo de uma montanha no centro do país, uma instalação nuclear tão profunda que está além do alcance de qualquer arma ou bombardeio dos EUA projetados para destruir esses locais.

    Segundo especialistas e imagens de satélite analisadas pela Associated Press, fotos e vídeos mostram que o Irã está cavando túneis na montanha perto da instalação nuclear de Natanz, que sofreu repetidos ataques e sabotagem em meio ao impasse de Teerã com o Ocidente sobre seu programa nuclear.

    O Irã, que tem um dos maiores programas de mísseis do Oriente Médio, diz que suas armas são capazes de atingir as bases de Israel e dos Estados Unidos na região. Apesar da oposição dos EUA e da Europa, a República Islâmica disse que desenvolverá ainda mais seu programa de mísseis “defensivos”.

    “Nossa mensagem para os inimigos do Irã é que defenderemos o país e suas conquistas. Nossa mensagem para nossos amigos é que queremos ajudar a estabilidade regional”, disse o ministro da Defesa iraniano, Mohammadreza Ashtiani.

    A TV estatal transmitiu alguns segundos do que disse ser o lançamento de uma versão atualizada do míssil balístico iraniano Khoramshahr 4 com alcance de 2.000 km e capaz de carregar uma ogiva de 1.500 kg (3.300 libras).

    A agência de notícias estatal Irna disse que o míssil de combustível líquido foi batizado de “Kheibar”, uma referência a um castelo judeu invadido por guerreiros muçulmanos nos primeiros dias do Islã. “As excelentes características do míssil Kheibar construído domesticamente incluem preparação rápida e tempo de lançamento, o que o torna uma arma tática além de estratégica”, afirmou.

    Na terça-feira, o principal general israelense discutiu uma possível ação militar contra o Irã, já que os esforços de seis potências mundiais para reviver o acordo nuclear de Teerã de 2015 pararam desde setembro passado, em meio a crescentes temores ocidentais sobre os avanços nucleares acelerados de Teerã.

    Caverna nuclear do Irã

    Perto de um pico das montanhas Zagros, no centro do Irã, trabalhadores estão construindo uma instalação nuclear tão profunda que está além do alcance de qualquer arma ou bombardeio dos EUA projetados para destruir esses locais, segundo especialistas e imagens de satélite analisadas pela Associated Press.

    As fotos e vídeos do Planet Labs PBC mostram que o Irã está cavando túneis na montanha perto da instalação nuclear de Natanz, que sofreu repetidos ataques e sabotagem em meio ao impasse de Teerã com o Ocidente sobre seu programa nuclear.

    Com o Irã agora produzindo urânio perto dos níveis de produção de armas após o colapso de seu acordo nuclear com as potências mundiais, a instalação complica os esforços do Ocidente para impedir que Teerã desenvolva uma bomba atômica enquanto a diplomacia sobre seu programa nuclear permanece paralisada.

    A conclusão de tal instalação “seria um cenário de pesadelo que corre o risco de desencadear uma nova espiral de escalada”, alertou Kelsey Davenport, diretora de política de não proliferação da Associação de Controle de Armas com sede em Washington. “Dado o quão perto o Irã está de uma bomba, tem muito pouco espaço para acelerar seu programa sem ultrapassar as linhas vermelhas dos EUA e de Israel. Portanto, neste ponto, qualquer escalada adicional aumenta o risco de conflito”.

    Acordo nuclear

    A construção perto de Natanz ocorre cinco anos depois que o então presidente Donald Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã. Trump argumentou que o acordo não abordava o programa de mísseis balísticos de Teerã, nem seu apoio às milícias no Oriente Médio.

    Mas o que fez foi limitar estritamente o enriquecimento de urânio do Irã a 3,67% de pureza, poderoso o suficiente apenas para abastecer usinas elétricas civis, e manter seu estoque em apenas cerca de 300 quilos, insuficiente para produção de armamentos.

    Desde o fim do acordo nuclear, o Irã disse que está enriquecendo urânio em até 60%, embora os inspetores tenham descoberto recentemente que o país produziu partículas de urânio com 83,7% de pureza. Isso é apenas um pequeno passo para atingir o limite de 90% de urânio para armas.

    Em fevereiro, inspetores internacionais estimaram que o estoque do Irã seria 10 vezes maior do que era sob o acordo da era Obama, com urânio enriquecido suficiente para permitir que Teerã produzisse “várias” bombas nucleares, segundo o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica.

    O presidente Joe Biden e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disseram que não permitirão que o Irã construa uma arma nuclear. “Acreditamos que a diplomacia é a melhor maneira de atingir esse objetivo, mas o presidente também deixou claro que não removemos nenhuma opção da mesa”, disse a Casa Branca em comunicado à AP.

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