• IPCA-15 mostra que El Niño pode não ter afetado tanto in natura quanto se previa, diz Galípolo

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 01/mar 12:34
    Por Gustavo Nicoletta e Célia Froufe / Estadão

    O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, avaliou que os dados mais recentes de inflação sugerem que o fenômeno climático El Niño pode ter afetado os preços de alimentos numa intensidade menor que a esperada.

    Durante palestra no evento Hora da Retomada, promovido pelo Money Report, em São Paulo, Galípolo disse que historicamente o El Niño afeta mais a inflação do que a produção agrícola, e que o efeito do fenômeno sobre os preços incide mais sobre os alimentos in natura e a alimentação em domicílio.

    No entanto, o efeito se revelou “bem comportado” no IPCA-15 mais recente, disse o diretor. “Precisa ver como acontece com os preços nas outras economias”, acrescentou.

    Galípolo reforçou que o Banco Central sempre olha para dentro da composição da inflação no momento de avaliar o cenário econômico, e em particular para alguns indicadores específicos dos núcleos de inflação e para os preços de serviços subjacentes.

    Ele apontou que o mercado também faz isso, e que a interpretação dos dados não é mecânica nem para o Banco Central, nem para os agentes econômicos.

    “O IPCA 15 saiu com um dado cheio melhor que o esperado. A primeira reação é positiva. Mas serviços subjacentes, que é um núcleo que o BC olha bastante porque tende a ter correlação alta com atividade e emprego, veio pior. Aí, um terceiro movimento. O que está pressionando é educação, que tem sazonalidade, e serviços de telefonia, que tem correlação talvez não tão forte com questão do emprego. Aí de novo vem uma leitura do mercado mais positiva”, afirmou.

    “A gente está acompanhando sempre a inflação. Muitas vezes fala do diferencial de juros, do câmbio, ou de outras variáveis do mercado de trabalho. Mas ao final do dia, a meta do BC não é emprego, câmbio, é inflação.

    Arrecadação

    Gabriel Galípolo também disse que é difícil identificar de onde vem especificamente a melhora na arrecadação do governo, que pode estar relacionada tanto a fatores temporários quanto a outros mais permanentes.

    “Tem uma dificuldade de separar o que é decorrente de algo que não é recorrente, caso da taxação dos fundos, o que é resultado da política adotada no ano passado, de recomposição da base tributária, e recorrente, aquilo que corresponde à atividade mais resiliente”, disse ele durante a palestra.

    “A gente tem um pouco dos três ali, é possível dizer que atividade resiliente pode estar se revelando numa arrecadação mais positiva e sustentando isso”, acrescentou.

    Galípolo ressaltou que os dados mais recentes sobre a arrecadação conseguiram adiar a discussão sobre a necessidade de o governo federal alterar a meta de déficit primário deste ano e ajudaram a ancorar as expectativas sobre o resultado fiscal de 2024.

    Últimas