• Institutos procuram justificar pesquisas após pressão da base governista por CPI

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  • 05/10/2022 13:11
    Por Matheus de Souza e Francisco Carlos de Assis / Estadão

    A Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep) afirmou que está “avaliando e refletindo sobre os últimos acontecimentos” e que deve lançar ainda nesta quarta-feira (5) uma nota conjunta para falar sobre as pressões governistas para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar institutos devido a discrepâncias entre levantamentos eleitorais e o resultado das urnas.

    O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem descartado a ideia, fala a favor de uma mudança legislativa para responsabilizar os institutos. Em entrevista à GloboNews, nesta segunda-feira (3), Lira discorreu sobre sua vontade de colocar para votação no Congresso um projeto de regulamentação das pesquisas eleitorais.

    “Nós tínhamos pesquisas que mostravam o Tarcísio (de Freitas, candidato do Republicanos ao governo de São Paulo) 10 pontos atrás (de Fernando Haddad – PT) e a realidade da eleição mostra o Tarcísio na frente. As votações e expressões da população brasileira deixam claro que as empresas de pesquisa não devem ser usadas para conduzir o eleitorado”, disse o presidente da Câmara.

    Lira lembrou, durante a entrevista, que quando a Câmara tentou votar no código eleitoral surgiram algumas complicações como, por exemplo a forma de responsabilizar as empresas de pesquisas. “A gente tem que votar (a regulamentação) no Congresso Nacional”, disse.

    Como resposta às críticas, alguns institutos tem se posicionado. O Datafolha e o Ipec destacam que os institutos acertaram no quadro geral, com Lula como favorito e Bolsonaro no segundo lugar. Sobre as discrepâncias, os institutos afirmam que Bolsonaro pode ter crescido devido ao “voto útil” de eleitores que não queriam um novo mandato petista.

    A prática do voto útil tão disseminada pela campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas duas últimas semanas que antecederam a votação em primeiro turno, segundo um número considerável de cientistas e analistas políticos, pode ter se transformado em um tiro que saiu pela culatra.

    A intenção era antecipar para o primeiro turno os votos de Ciro Gomes (PDT) que, eventualmente, viriam para Lula no segundo turno. Assim, se a estratégia estivesse certa, o petista fecharia a fatura já no domingo (2). Mas os petistas não contavam com o fato de que eleitores que votariam em Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Felipe d’Avila (Novo) pudessem fazer o voto útil em Bolsonaro.

    Esse movimento do voto útil em Bolsonaro de última hora não foi captado pelos institutos de pesquisas e pode ter sido uma das explicações para o desvio entre as sondagens e o resultado das urnas.

    O Ipec explicou a situação através de uma nota, como mostrou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, dizendo que “as pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas”. “Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências, mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá.”

    Já o Datafolha escolheu lançar uma nova pesquisa, após o fim das eleições mostrando a tendência.

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