Instituto Civis estima 70 mil pessoas em áreas de risco

O Plano Municipal de Redução de Risco está sendo atualizado e ampliado pela prefeitura. O documento de 2007 apontava cerca de 15 mil famílias vivendo em áreas de risco, sendo que destas, 5 mil estariam em locais considerados de alto risco. Mas, atualmente, estima-se que este número seja muito maior. Para Mauro Corrêa, coordenador do Instituto Civis, Petrópolis deve ter cerca de 70 mil pessoas vivendo em áreas como encostas, beiras de rios e próximo a pedreiras. Essa estimativa corresponde a cerca de 23% da população petropolitana, levando-se em conta o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta uma população de 300 mil habitantes na cidade. Porém, como o último censo foi realizado em 2010, Corrêa acredita que esse número pode ser ainda muito maior. 

O investimento em estudos, equipamentos de prevenção, como as sirenes e os pluviômetros, são considerados de fundamental importância pelo coordenador do Instituto Civis. Mas ele considera que o problema é mais grave do que isso, uma vez que a cidade vive diante de uma sequência de desastres e tragédias, com episódios marcantes, como as chuvas de 1988, que deixaram 134 mortos. Mais recentemente, em 2011, outro desastre de grandes proporções atingiu a cidade, fazendo mais de 70 vítimas fatais. Em 2013, mais 16 mortos. Nessa semana, duas pessoas morreram na Rua Uruguai, no Quitandinha.

Mauro contou ainda que existe um estudo que mostra cerca de 12 mil famílias em áreas de risco no 1º distrito. Ele acredita que do 2º ao 5º, ou seja, de Cascatinha até a Posse, existam mais 25 mil. Destacou também que a preocupação dos órgãos públicos deve ir além das encostas, mas também que seja feita uma avaliação e um levantamento das famílias que vivem nas áreas ribeirinhas. “Foi isso que acentuou a tragédia de 2011”, comentou. 

Para ele, o maior problema de Petrópolis é a falta de planejamento e de uma política habitacional que tenha continuidade após o mandato de um ou outro prefeito. “Não adianta só ter plano de emergência para quando chover, porque isso só resolve o problema no momento. A prevenção precisa ir além, ou seja, deve se investir em políticas que ultrapassem os governos e sejam realmente eficazes no sentido da fiscalização e implantação de habitações populares”, declarou ele, acrescentando que a medida mais importante é a de retirar as pessoas das áreas de risco. 

Para o secretário de Defesa Civil, Rafael Simão, as áreas que mais preocupam são Vale do Cuiabá, que apesar das intervenções realizadas, ainda tem muitos moradores vivendo na beira do rio. Além disso, ele aponta a Estrada União e Indústria, por conta do adensamento populacional. Nos distritos, a atenção maior é voltada para Pedro do Rio e Bairro Nossa Senhora de Fátima, na Posse, considerado um local arenoso, que solta com facilidade, provocando escorregamento. A região da zona sul de Petrópolis como Independência, Siméria, São Sebastião e João Xavier também preocupa a Defesa Civil. 

De acordo com o órgão, foram essas áreas que registraram maior índice pluviométrico este mês. Na Rua João Xavier, as chuvas atingiram 90 milímetros nas últimas 24 horas. Para os últimos 30 dias, era esperado um índice de 300 milímetros. No entanto, em alguns bairros, os índices já passaram de 600 milímetros no período: São Sebastião (674 mm), Vila Felipe (639 mm) e Duques (621 mm).