• Insegurança na BR-040 faz cair o turismo em Itaipava

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  • 27/03/2016 10:22

    Arrastões. Tentativas de assaltos. Mortes. A Rodovia Washington Luiz virou sinônimo de medo para milhares de petropolitanos, turistas e veranistas. O problema tem afetado diretamente a economia da cidade, causando esvaziamento, principalmente nas noites de sexta-feira, em Itaipava. Empresários já registram queda de cerca de 30% do movimento. Segundo o economista e diretor da Ong NovaMosanta, que atua na região dos distritos, Fernando Varella, o reflexo dessa insegurança na rodovia pode ser percebido claramente. Ele explicou que o público que vem do Rio prefere subir a serra no sábado de manhã e desce no domingo à tarde. E isso acarreta nessa diminuição do movimento nos bares, restaurantes e hotéis na sexta. 

    A presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau (PCVB), Camila Thees, reforçou que o aumento dos crimes está prejudicando a rede hoteleira da cidade como um todo. Segundo ela, é possível perceber que os hóspedes estão optando por subir no sábado, diminuindo uma diária nos meios de hospedagem. Quem também confirma essa realidade é o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, Germano Valente. Ele explicou que esse fato está acontecendo há anos porque os visitantes não gostam mais de pegar a estrada na sexta à noite, quando saem do trabalho. Além disso, ele ressaltou que a crise econômica que o país enfrenta também faz com que eles prefiram pagar por apenas uma diária, que é a de sábado para domingo. Atualmente, a região dos distritos conta com 71 hotéis e 195 estabelecimentos divididos entre bares, restaurantes e lanchonetes. 

    Para o empresário Marcelo Florêncio, que tem uma adega em Itaipava, a queda nas sextas-feiras foi de cerca de 30%. Ele explicou que hoje o movimento na região é intenso apenas nos sábados. “Não existe mais o boom da sexta em Itaipava e nem do domingo, uma vez que tanto os turistas, quanto os veranistas, optam por descer na hora do almoço e nós perdemos esse público”, comentou. O empresário destacou que muitos clientes reclamam das condições da estrada e também da frequência em que acontecem acidentes na subida da serra, o que gera transtornos e engarrafamentos. Outra queixa é sobre as condições do trânsito em Itaipava, que fica caótico nos fins de semana.

    Para a NovaMosanta, a rodovia BR-040 é estratégica para a cidade, assim como a construção da nova Subida da Serra, que vai diminuir o tempo de deslocamento entre o Rio e Petrópolis. Isso vai facilitar quem mora na cidade e faz esse trajeto diariamente, mas também vai fortalecer o desenvolvimento de Petrópolis, trazendo mais visitantes. 

    Também diretor da Ong, Jorge de Botton ressaltou ainda o alto valor do pedágio e sugeriu que haja mais entrosamento entre a Concer, concessionária responsável pela rodovia, e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que é responsável pela segurança na estrada. Ele comentou que a concessionária possui 70 câmeras de monitoramento da rodovia, que poderiam ser usadas também para apoiar a segurança. 


    Crescimento desordenado e falta de mobilidade urbana preocupam 

    Os diretores da NovaMosanta pedem medidas do poder público para que haja um crescimento sustentável da região dos distritos. Eles ressaltam a construção de dezenas de novos condomínios no trecho da Estrada União e Indústria, entre Corrêas e Itaipava, destacando o número estimado de novas moradias para os próximos anos que é, de pelo menos, 4 mil, naquela região. Com isso, temem que a situação fique cada dia mais insustentável, levando-se em conta que, atualmente, atravessar Itaipava em horários de pico pode levar mais de uma hora.

    Fernando comentou que é a favor do crescimento, porém o aumento da população exige mais investimentos em infraestrutura. “A Estrada União e Indústria é uma via importante para a mobilidade urbana e precisa de atenção. Esta é uma questão que afeta todos, tanto moradores, quanto visitantes”, comentou, questionando sobre outros pontos essenciais para o crescimento de uma região, como estações de tratamento de esgoto, abastecimento de água, luz. “É preciso que seja feito um conjunto de ações e uma delas é o ordenamento no trânsito”, declarou. Para o economista, Itaipava é a Barra petropolitana, porém falta infraestrutura. 

    “Defendemos um planejamento estratégico, uma visão de futuro. A região dos distritos precisa de arrumação”, afirmou. Jorge acrescentou que à medida que a região de Itaipava vai ficando cada vez mais caótica, muitos veranistas que procuram a cidade em busca de tranquilidade começam a se instalar em outras regiões, como é o caso de Secretário. 

    Questionada, a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) afirmou que segue buscando medidas que aumentem a fluidez do trânsito em todo o município. Além disso, disse que há ações e projetos de curto, médio e longo prazo. Para isso, ela vem atuando para coibir infrações, o estacionamento irregular e o abandono de veículos em vias públicas – com advertências, multas e reboque. 

    O órgão informou também que intensificou o patrulhamento na cidade, com orientação e reforço na fiscalização e refez a sinalização horizontal e vertical. Em 2015, foram removidos mais de 1,2 mil veículos das vias públicas, estacionados irregularmente ou abandonados. Ainda para diminuir as retenções do trânsito, a companhia realizou mudanças no Retiro e em Bonsucesso (para impedir cruzamento de pistas). 

    De acordo com a CPTrans, o município vem estudando, por meio de parcerias com a iniciativa privada, outras melhorias, como na Rua Joaquim Agante Moço, próxima ao Parque de Exposições. 

    Com relação à questão de mobilidade, a prefeitura frisou que também tem projetos para a realização de outras intervenções, por meio do PAC Mobilidade, como as da Rua General Rondon e das Duas Pontes, que estão em fase de liberação de recursos do governo federal.

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