• Inflação trava planos das empresas

  • 09/05/2022 08:40
    Por Renée Pereira e Cleide Silva / Estadão

    A escalada da inflação no País, com índices acima de dois dígitos (no acumulado em 12 meses) desde setembro do ano passado, tem dificultado bastante o planejamento das empresas até mesmo no curto prazo. Sem previsão de quanto vai custar a matéria-prima ou o frete no mês seguinte, muitas delas estão tendo de engavetar investimentos importantes para a melhoria do processo produtivo, mudar modelos de vendas e reajustar os preços mais vezes durante o ano, para não comprometer as margens financeiras.

    Algumas, no entanto, têm feito várias manobras para retardar cada vez mais o repasse de preços e não perder vendas. O fato é que a inflação alta provoca um ciclo vicioso difícil para uma retomada consistente da economia.

    Os preços altos comprometem a renda da população. Consequentemente, o consumo cai e as vendas das empresas diminuem. Com faturamento menor, as companhias não têm opção a não ser deixar de investir e reduzir mão de obra, o que eleva o desemprego.

    “Tem sido complicado acertar as previsões”, afirma o copresidente da indústria de papel cartão Papirus, Amando Varella. O executivo conta que, por causa dessa dificuldade, a empresa tem feito mais reajustes de preços aos clientes se comparado aos anos anteriores, quando essa mudança ocorria a cada 12 meses.

    Em 2021, a companhia realizou três reajustes. Neste ano, uma nova revisão já foi informada aos clientes e deve ser implementada em junho.

    EQUILÍBRIO

    A Finder, fabricante de relés – componente eletrônico usado, por exemplo, em equipamentos de energia, tornos, fresas, alarmes e automação predial -, também foi obrigada a rever seus preços antes da data prevista.

    Normalmente, a Finder altera sua tabela uma vez, sempre no fim do ano. Mas, agora, terá de mudar a estratégia. A partir de junho, a companhia vai aplicar reajustes de até 10%, de acordo com a linha de produtos. Alguns componentes, porém, não terão aumento.

    O diretor comercial da empresa, Juarez Guerra, afirma que acompanha diariamente os custos da empresa e busca mecanismos para manter um ponto de equilíbrio nas contas. “Tenho de ficar com um olho no peixe e outro no gato”, brinca ele.

    A variação cambial também foi um fator que impactou as margens da empresa, com fábrica localizada em São Caetano do Sul, no ABC paulista. A empresa recebe da matriz italiana a maior parte dos componentes para a produção, informa Guerra. “Ainda bem que agora a questão cambial está melhorando.”

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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