Inea realiza soltura de “Gato do Mato” ameaçado de extinção na Reserva Biológica de Araras
A Reserva Biológica Estadual de Araras recebeu de volta neste fim de semana uma espécie importante para o ecossistema da região: um Gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus), espécie ameaçada de extinção. A soltura aconteceu no último sábado (30), após um longo processo de reabilitação que durou nove meses.
O animal, uma fêmea jovem, foi resgatado ainda filhote em fevereiro, debilitado e abaixo do peso, na horta de uma residência na zona de amortecimento da unidade de conservação. Desde então, passou por tratamentos intensivos que incluíram cuidados veterinários, diagnóstico de doenças e reabilitação comportamental, necessária para sua sobrevivência na natureza.
“A espécie tinha poucos meses de vida, estava vulnerável, foi resgatada pela nossa equipe, recebeu todos os cuidados e, agora saudável, retornou ao habitat natural, onde tem um importante papel para o equilíbrio da biodiversidade”, explica o secretário do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.
A soltura ocorreu na Trilha do Caneco, área da reserva conhecida por sua rica biodiversidade e monitorada por armadilhas fotográficas. A escolha do local garante segurança e condições ideais para a sobrevivência da espécie. Segundo o diretor de Biodiversidade do INEA, Cleber Ferreira, a ação não apenas devolve o animal à natureza, mas também fornece dados valiosos para o aprimoramento das estratégias de conservação.
“A reintrodução desta fêmea de Leopardus guttulus é um marco importante para a biodiversidade local. Além de contribuir para o equilíbrio do ecossistema, reforça o papel das zonas de amortecimento e dos centros de reabilitação no cuidado e proteção de espécies ameaçadas”, destacou Ferreira.
Tratamento clínico e cuidados especiais
O resgate inicial foi realizado por técnicos da Rebio-Araras, que encaminharam o animal para a Clínica Veterinária Estácio de Sá, em Petrópolis, e depois ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) da Eletronuclear, referência no tratamento de fauna silvestre. Durante o processo, a felina foi diagnosticada com Hepatozoon spp, uma infecção transmitida por carrapatos, o que demandou atenção especializada.
Após superar os desafios de saúde e recuperar habilidades essenciais como caça e defesa, o animal foi considerado apto para retornar ao seu habitat. A reabilitação contou com o envolvimento de veterinários, guarda-parques e especialistas que acompanharam cada etapa.
Sobre a Reserva Biológica de Araras
Criada em 1977, a Rebio-Araras protege florestas em diferentes estágios de regeneração e integra o corredor ecológico entre a Serra dos Órgãos e a Serra do Tinguá. Essas condições são ideais para a sobrevivência do Gato-do-mato-pequeno, que depende de áreas florestais contínuas para se alimentar e se reproduzir.
Para o presidente do INEA, Renato Jordão, o caso simboliza o êxito da colaboração entre instituições.
“A reintrodução deste animal reforça a importância de ações integradas para proteger e valorizar nossa fauna silvestre. É um exemplo de como esforços conjuntos podem fazer a diferença na conservação da biodiversidade.”
A Reserva continuará monitorando a área para garantir a adaptação do animal e a preservação da fauna local, contribuindo para o fortalecimento das políticas ambientais no estado do Rio de Janeiro.