• Indústria permanece afetada por problemas de oferta e de demanda, diz IBGE

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  • 06/01/2022 13:15
    Por Daniela Amorim / Estadão

    O desempenho da indústria brasileira em novembro permaneceu negativo, afetado tanto por problemas de oferta quanto de demanda, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    A produção industrial recuou 0,2% em relação a outubro, depois de já ter encolhido nos cinco meses anteriores, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal. De janeiro a novembro de 2021, a produção cresceu apenas em dois meses: janeiro (0,2%) e maio (1,3%). A queda de novembro foi a menos acentuada do período, o que Macedo atribui possivelmente a uma melhora relativa recente no mercado de trabalho e ao acesso a insumos industriais que ainda estão escassos.

    “São fatores que ainda precisam de melhora substancial”, frisou André Macedo.

    A última vez que em que a indústria recuou por seis meses seguidos foi entre fevereiro e julho de 2015, com uma perda acumulada à época de 6,7%. O nível atual de produção é semelhante ao de dezembro de 2008, apontou o pesquisador. “É uma construção de anos e anos, em que essa indústria vem mostrando perdas importantes”, resumiu.

    Pelo lado da oferta, a indústria enfrenta o encarecimento de custos de produção e dificuldades de obter matérias-primas e insumos, ainda como reflexo da pandemia sobre o desarranjo do setor produtivo.

    “Pelo lado da demanda, os preços mais elevados que diminuem a renda disponível das famílias para o consumo. A elevação de juros vem encarecendo o crédito. O mercado de trabalho, longe de uma melhora consistente na sua trajetória, ainda tem muitas pessoas de fora dele. A precarização do emprego leva a uma massa de rendimento que tampouco avança. São fatores que nos levam a entender não só a característica do mês de novembro, mas o ano de 2021”, enumerou Macedo.

    O gerente da pesquisa do IBGE acrescenta ainda que há outros fatores pontuais que ajudam a tornar mais aguda a perda de fôlego do setor industrial ao longo do ano, como as condições climáticas desfavoráveis afetando culturas importantes, como a cana-de-açúcar; o “ambiente de incertezas fazendo que as famílias adiem decisões de consumo e empresas adiem decisões de investimentos”; e o auxílio emergencial “pago num valor menor”.

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