Indústria permanece afetada por problemas de oferta e de demanda, diz IBGE
O desempenho da indústria em setembro permanece negativo, afetado tanto por problemas de oferta quanto de demanda, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção recuou 0,4% em relação a agosto, depois de já ter encolhido nos três meses anteriores.
“Vemos uma produção industrial que vem se caracterizando ao longo de 2021 por um comportamento negativo em sequência”, disse Macedo.
Pelo lado da oferta, o pesquisador cita os reflexos ainda presentes da pandemia de covid-19 sobre as cadeias produtivas, com desabastecimento de insumos e encarecimento dos custos de produção.
Do lado da demanda, a demanda doméstica deprimida também prejudica a indústria, diante de “um mercado de trabalho longe de mostrar melhora consistente” e “inflação mais alta que diminui a renda disponível das famílias”. “São fatores importantes que a gente vem elencando ao longo do ano e fazem parte também dos fatores que influenciam setembro de 2021”, justificou.
A queda na produção industrial em setembro ante agosto fez o setor acumular uma perda de 2,6% em quatro meses de recuos consecutivos, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal. Dos nove primeiros meses de 2021, a indústria cresceu em apenas dois deles: janeiro (0,2%) e maio (1,2%).
Com o desempenho negativo de setembro, a indústria opera atualmente em patamar 3,2% inferior ao de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. Quando ainda crescia, em janeiro, a indústria alcançou um saldo positivo de 3,5% em relação ao pré-covid.
Em setembro, a produção industrial estava 19,4% abaixo do patamar recorde alcançado em maio de 2011.
“A gente tem observado por parte dos informantes maior frequência de paralisações e reduções de jornadas de trabalho, por conta de dificuldades de obtenção de matérias-primas, redução de demanda”, revelou Macedo.