Incêndio no Museu Nacional começou em ar-condicionado do auditório, diz laudo
O incêndio que devastou o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro, no dia 2 de setembro do ano passado, teve início com a sobrecarga em um dos aparelhos de ar-condicionado do auditório, no primeiro andar. O laudo da perícia feita pela Polícia Federal foi apresentado nesta quinta-feira (4).
Segundo os peritos, houve uma falha no aparelho C, que ficava próximo ao palco. O perito criminal Marco Antonio Zata, informou que foi identificado que os três aparelhos de ar condicionado do auditório estavam ligados a um só disjuntor, quando o indicado é ter um disjuntor para cada um.
O Museu Nacional do Rio de Janeiro em chamas. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
“Cada máquina tem uma especificação do tipo de disjuntor individual. Ou seja, deveria ter um disjuntor para cada ar condicionado. No caso específico do auditório, era um disjuntor para três máquinas. Não estava seguindo a recomendação do fabricante.”
De acordo com o perito, o problema pode ter ocorrido por uma falha no disjuntor, que não desarmou, devido à sobrecarga a que estava exposto. Ele indicou também que as máquinas internas do sistema split, chamadas de evaporadoras, não estavam com o devido aterramento. As condensadoras, que ficam instaladas do lado de fora do prédio, não foram atingidas pelo incêndio e estavam preservadas. Foi constatado que a fiação da máquina C estava rompida
“É típico de um evento de sobrecorrente, quando tem uma corrente maior do que o cabo aguenta e não ocorre a queda da corrente. Verificamos também o escurecimento de um dos cabos e a aderência dos fios, típico de sobrecarga. Identificamos algumas anormalidades, com circuitos desfeitos e refeitos, que podem ter causado algum estresse para o sistema”.
O delegado da Polícia Federal, Paulo Teles, durante apresentação do laudo das causas do incêndio que atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O perito especialista em incêndio Carlos Alberto Trindade descreveu que as câmeras não captaram o início das chamas, mas foi possível refazer o trajeto do fogo com as evidências encontradas.
“Identificamos que o fogo começou no auditório, com um comportamento de incêndio ascendente radial, com tendência para subir. Então, a propagação foi do auditório para o segundo piso, para a sala do dinossauro, onde ficava a exposição do maxakalissaurus, e a fumaça foi propagando ao longo do ambiente do museu. No laudo, indicamos a sequência de câmeras com a passagem da fumaça e da chama. Depois, o fogo passou para a sala da preguiça gigante,”
O superintendente da Polícia Federal, Ricardo Saadi, durante apresentação do laudo das causas do incêndio que atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Segundo Trindade, o laudo é conclusivo e descarta como origem do incêndio a causa de descarga atmosférica, de balão ou de incêndio intencional, devido à ausência de multifocos, o auditório estar trancado e não terem sido encontrados agentes acelerantes, ou seja, combustível como álcool ou gasolina, nem objetos usados para isso.
Pela análise das imagens das câmeras, foi identificado que o incêndio começou às 19h03 e as informações da empresa Light mostram que a energia do palácio foi cortada automaticamente às 20h03.
A Polícia Federal apresentou os dados do laudo e informou que não há previsão ainda para o encerramento do inquérito, bem como não foram apuradas ainda se há algum culpado pela tragédia.