O fenômeno da inadimplência, que alcança 72,4 milhões de consumidores no país, em levantamento de agosto, também afeta as empresas. São 6,9 milhões de CNPJs no vermelho em dados de julho, de acordo com pesquisa do Serasa que acaba de ser divulgada. Esse total representa quase 32% das empresas existentes no Brasil. E a inadimplência afeta diretamente a obtenção de capital de giro, cujo acesso é um dos maiores desafios enfrentados por empresários, incluindo os de Petrópolis. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas da cidade, Claudio Mohammad, a situação é preocupante, pois a dificuldade de obter crédito incide diretamente sobre a capacidade das empresas de manter suas operações e possibilitar expansão dos negócios.
Segundo dados do Banco Central, o capital de giro representa 32,3% do crédito empresarial, com uma taxa média de juros de 21,5% ao ano, dado trazido pelo Panorama do Comércio de setembro, publicação da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). No entanto, muitos empresários têm relatado dificuldades para acessar esse tipo de financiamento, o que reflete na capacidade de pagamento de dívidas e na manutenção dos negócios.
“Temos visto um número cada vez maior de empresários enfrentando dificuldades para conseguir capital de giro a taxas acessíveis. Isso impede que possam se reerguer e investir em suas empresas”, afirma Mohammad.
Empresas que enfrentam dificuldades em quitar suas dívidas acabam por comprometer ainda mais sua capacidade de obter novos financiamentos.
“A falta de acesso a crédito, aliada à inadimplência, cria um círculo vicioso que prejudica o crescimento do comércio e dificulta a recuperação econômica”, observa o presidente da CDL.
Segundo a Serasa, cada empresa, em julho, tinha em média sete dívidas, totalizando pouco mais de R$ 147 bilhões. O setor de serviços representa a maior parte das empresas com débitos negativados. Em seguida aparece o comércio e, em terceiro, as indústrias. A interrupção na queda das taxas de juros, que vinha se mantendo estável, contribuiu para a continuidade da alta inadimplência, principalmente para as dívidas de longo prazo.
“O cenário para o empresário se mantém o mesmo considerando outros agravantes: alto custo para contratar funcionários e alta carga tributária sobre as vendas fazem um “combo”, ao lado da falta de acesso ao capital de giro que comprometem as gestões das empresas, sobretudo as de pequeno e médio portes”, aponta Cláudio Mohammad.
A CDL de Petrópolis alerta que, sem soluções eficientes para melhorar o acesso ao crédito, muitas empresas enfrentam dificuldades que podem ser irreversíveis.
“A Confederação Nacional das Câmaras de Dirigentes Lojistas, em nome de todas as entidades locais, tem levado essas dores dos empresários de cada cidade e trabalhado junto às instituições financeiras e ao poder público para facilitar o acesso ao capital de giro, mas precisamos de políticas mais efetivas. Isso é crucial para garantir que o comércio de Petrópolis continue a crescer”, analisa Mohammad.