• Inadimplência cresce e lojistas limitam venda a crédito

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  • 23/07/2017 07:00

    Enquanto as reformas seguem em andamento e os aumentos tributários entram em vigor, o número de consumidores inadimplentes continua crescendo. E com isso muitos lojistas diminuem as possibilidades de crédito. 

    Segundo um levantamento feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), o número de pessoas que não pagaram suas contas teve a maior variação desde 2015. De abril para maio o crescimento foi de 1,31%. E essas estatísticas refletem em mais restrições nas lojas na hora de oferecer créditos aos consumidores.

    Geraldo Silvestre, 58 anos, possui um comércio de roupas no distrito de Itaipava. Acostumado a oferecer vendas no carnê, ele vem acumulando um prejuízo de R$ 3 mil nos últimos meses por conta dos clientes inadimplentes. Sem saber se um dia vai receber essa quantia, agora ele pensa duas vezes antes de abrir um crediário. “Antes eu saia fazendo carnê para todo mundo, confiando na possibilidade de receber, e de oferecer um serviço vantajoso para as duas partes. Hoje eu vejo um pouco diferente. Enxergo essa brecha que eu dava com outros olhos. Pois tem gente que vê aí uma chance de golpe, ou simplesmente compra mais do que pode sem pensar em como fazer para pagar tudo depois. E quem tem que arcar com esse prejuízo todo é o lojista” explicou. 

    Agora, para comprar no crédito na loja de Geraldo é preciso preencher um cadastro com riqueza de dados e inscrever alguma pessoa de confiança para arcar com o prejuízo em caso de inadimplência. Além disso, a loja não faz no crédito vendas que somem mais de R$ 300. “Agora comecei a restringir as compras e fechar esse cerco aos inadimplentes. Já àqueles que compram e de repente não conseguem pagar, eu até dou uma chance, mas não posso mais sair dando sopa por aí porque se não o prejuízo só aumenta", completou o lojista. 

    A atitude tomada por Geraldo têm sido modelo para muitos comerciantes, baseados nos dados do SPC/Serasa. Pois a inadimplência está presente cada vez mais na vida da sociedade, e em todas as idades. A pesquisa do CNDL revela ainda que, no comparativo entre as faixas etárias, metade da população entre 30 e 39 anos tem contas em atrasos, somando 17 milhões de pessoas. Quase metade das pessoas (48%) com idade entre 40 e 49 anos está negativada, totalizando 13,2 milhões de consumidores. Entre os mais jovens, entre 25 e 29 anos, o percentual também é elevado: 47% deste grupo estão inadimplentes, somando mais de 8 milhões de devedores. A população com idade mais avançada, de 50 a 64 anos, tem 39% de inadimplentes, o que totaliza 12 milhões de devedores. Na faixa etária entre 65 a 84 anos, a proporção é de 31%, o que representa 4,8 milhões de pessoas. Já os mais jovens, de 18 a 24 anos, representam 19% e totalizam 4,4 milhões de devedores.


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