A inadimplência no Brasil atingiu 67,18 milhões de consumidores em março de 2024, conforme estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) que acaba de ser divulgado. Esse dado representa aproximadamente 40,89% da população adulta do país, refletindo um aumento de 2,67% em relação ao mesmo período do ano anterior. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis (CDL) acompanha a evolução da estatística e destaca a necessidade de políticas públicas para ajudar o brasileiro a sanar suas contas.
Um dos principais pontos destacados pelo estudo é a persistência das dívidas de longo prazo, com um aumento expressivo no número de devedores com tempo de inadimplência entre 1 a 3 anos, representando um aumento de 18,68%. Isso sugere que muitos consumidores estão enfrentando dificuldades em sair do ciclo de endividamento, mesmo com a retomada gradual da economia.
“O crescimento da inadimplência não é um fenômeno isolado. Ele vem acompanhado de uma série de desafios econômicos e sociais, especialmente em meio à instabilidade provocada pela pandemia. Desde o início dos impactos econômicos da crise sanitária, as famílias brasileiras têm enfrentado dificuldades financeiras significativas, levando a um aumento no número de pessoas com contas em atraso. É preciso políticas públicas para ajudar o consumidor a sanar as suas contas. Mais do que um fator econômico, é uma questão social, considerando que o poder de compra está ligado à qualidade de vida”, defende o presidente da CDL Petrópolis, Cláudio Mohammad.
A faixa etária mais afetada pela inadimplência é a de 30 a 39 anos, com 23,59% dos inadimplentes. Isso indica que os adultos jovens são particularmente vulneráveis às dificuldades financeiras, possivelmente devido a desafios como custos crescentes de moradia, desemprego e acesso limitado a crédito.
Além disso, o estudo revela que cada consumidor inadimplente deve, em média, R$ 4.397,99, destacando o peso financeiro significativo das dívidas pendentes. A maior parte dessas dívidas está relacionada a empréstimos bancários. Os dados ainda mostram que cerca de três em cada dez consumidores (30,92%) tinham dívidas de até R$ 500, percentual que chega a 44,94% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000,00.
“São valores mais ‘fáceis’ de serem solucionados, com renegociação e condições viáveis. É preciso cada vez mais programas para a recuperação do crédito para essas pessoas”, defende Cláudio Mohammad.
Apesar do contexto macroeconômico relativamente positivo do país, com indicadores como o crescimento do PIB e a queda da taxa de desemprego, os benefícios dessa recuperação ainda não se refletiram plenamente no bolso dos consumidores. Muitas famílias continuam enfrentando dificuldades para equilibrar seus orçamentos e pagar suas dívidas devido aos impactos duradouros da crise econômica.
Dívidas concentradas em serviços de água e luz e crédito
Os setores que concentram a maior parte das dívidas incluem bancos, água e luz, e comércio, destacando os diferentes aspectos da vida cotidiana que contribuem para o endividamento das famílias brasileiras. Ainda assim, é importante observar que as dívidas com o setor de comunicação e comércio apresentaram uma queda no total de dívidas em atraso, sugerindo uma possível recuperação em certos segmentos da economia.
Em termos regionais, a região Sudeste foi a que apresentou o maior aumento na inadimplência, com um crescimento de 5,54%. Isso pode ser atribuído a uma série de fatores, incluindo o impacto desproporcional da pandemia em áreas urbanas densamente povoadas e a dependência de setores econômicos afetados pela crise, como turismo e serviços.
“Programas de renegociação de dívidas não podem ser feitos de forma isolada. É preciso ações complementares como educação financeira e incentivos ao emprego e renda. Além disso, as empresas e instituições financeiras também devem ser incentivadas a adotar práticas responsáveis de concessão de crédito e cobrança”, defende o presidente da CDL Petrópolis.