Ícone do hóquei defende a manutenção da tradição do esporte em Petrópolis
O resgate do hóquei sobre patins precisa ir além da realização de um Campeonato Municipal. É apoiar a manutenção da tradição de uma modalidade que já encantou até mesmo ex-presidente da República.
A afirmação é do ícone do esporte do cajado, Hélio Santos Júnior, o Helinho, que fez um desabafo a Tribuna a respeito da importância que a modalidade tem na história do município. A sua crítica é direcionada ao que um dos locais onde o hóquei fincou seus pés e por lá se desenvolveu até a formação de equipes no século passado.
O Rinque Marowill, construído em meados de 1917 onde está a Praça da Liberdade, foi erguido como um ponto de patinação, uma febre vivida pelos europeus nos primeiros anos do século passado. No entanto, segundo Helinho, o espaço deveria ser resgatado como uma forma de homenagear o esporte. Para ele, transformar o local num ponto comercial difere da história da cidade e criticou até mesmo o Iphan por isso.
“O Rinque Marowill foi um dos pontos de início do hóquei na cidade. Milhares de pessoas iam para lá praticar patinação, jogar alguma partida e era, inclusive, um ponto de paquera entre as pessoas. Quando passo ali é vejo uma aglomeração de pessoas bebendo cerveja, me dá uma tristeza enorme. Com essas coisas o Iphan não implica. O espaço foi criado com fins esportivos”, disse o dirigente.
Em 1964, o Rinque Marowill recebeu obras até transformar a Praça da Liberdade como a conhecemos hoje. O espaço da patinação foi sendo descaracterizado aos poucos, até que os últimos resíduos do que era o ponto de encontro dos hoqueístas acabou de vez. Na opinião de Helinho, uma volta ao passado da patinação e até algumas exibições de hóquei seriam de bom grado, pois estimularia também a população para a prática esportiva.
Sobre o retorno do campeonato Municipal, que está acontecendo no ginásio Mário Machado (Casa de Portugal), em Quitandinha, o dirigente disse estar muito feliz com a realização da competição. Ele lembrou que a participação, sobretudo das meninas na competição, eleva a condição do município como um dos principais pontos da prática da modalidade no país. Além, é claro, da equipe feminina ser a base da seleção brasileira.
Hóquei vai imortalizar Hélio Santos Júnior como principal nome local da modalidade
Que o hóquei sobre patins é uma modalidade tradicional em Petrópolis, isso já é de conhecimento de todos. Aqui em Petrópolis, foi formada desde 1929 – quando este esporte começou a ser praticado na cidade – uma geração de dirigentes e jogadores que elevou a condição do município como uma das potências nacionais e que nada deviam aos grandes (e poucos) centros em que investiam no chamado esporte do cajado. Há, porém, uma pessoa que certamente será imortalizada por tudo que já fez (e ainda faz!) por ele: chama-se Hélio Santos Junior, o Helinho.
Nos últimos 92 anos, foram vistos craques realizando belas exibições principalmente no rinque de patinação Marowil, na Praça da Liberdade, um lugar tradicional que hoje dá lugar a um restaurante e um ponto de encontro da juventude petropolitano, um lugar bem diferente daquele que levava sempre aos finais de semana multidões para assistir as partidas, ou simplesmente curtir o prazer de patinar. Uma das várias personalidades que iam ao rinque era o ex-presidente Getúlio Vargas, que simplesmente ignorava a segurança e caminhada à pé do Palácio Rio Negro até o local.
Se o hóquei não acabou em Petrópolis hoje, agradeça a Hélio Santos Junior, que nos últimos 30 anos vem lutando para que este esporte não seja meras lembranças na cabeça das pessoas. Poucos petropolitanos trabalharam tanto por uma causa quanto
Helinho, que apoiou o projeto no Esporte Clube Corrêas uma parceria que possibilitou a reintrodução do esporte do cajado novamente no clube do segundo distrito. Hoje, os pés estão fincados na Casa de Portugal.
Mas se não fosse a teimosia do ex-jogador, técnico e dirigente com certeza o hóquei teria seus dias contados em Petrópolis. Mas em nome de uma geração que deu seu suor em nome de uma causa esportiva, Helinho decidiu insistir. Não foi apenas com a sua influência – ele foi atualmente secretário da Confederação Sul-americana -, mas com investimentos financeiros está permitindo que parte da vitoriosa história do desporto municipal fosse cair no esquecimento. Talvez, este homem pode ser o último que ainda acredita que a cidade, um dia, dará o seu reconhecimento ao trabalho não só dele, mas de muitos em prol da patinação.
Seleção e títulos – Mas afinal, quem é Hélio Santos Junior? Este homem não é petropolitano – nasceu no bairro da Saúde, no Rio de Janeiro – e se mudou para essas bandas de cá ainda criança. Filho de Hélio Santos, que jogou hóquei e atuou na Junta de Justiça Desportiva (que corresponde hoje a Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça que apura irregularidades nos campeonatos patrocinados pela LPD), Helinho nasceu no dia 5 de julho de 1949. A paixão pelo hóquei vem da tenra infância, quando aos 10 anos pegou no stick (bastão que se pratica o hóquei) e jogou no Rinque Marowil.
Numa época em que o hóquei dividia as suas atenções com outros esportes mais populares, como o futebol por exemplo, Helinho descobriu que levava jeito para a coisa e logo cedo resolveu jogar por algum clube da cidade. O primeiro foi o Internacional, do bairro Alto da Serra, e em 1961 venceu, por este clube, o título de um torneio pertropolitano que contou também com as participações de Palmeira, Cascatinha, Petropolitano e Rio Branco – este último já está extinto. A partir daí, a carreira do carioca com jeito de petropolitano tomou um impulso.
Com um estilo técnico e raçudo, o jogador ganhou uma oportunidade na seleção carioca em 1975. Foi neste ano que aconteceu o Campeonato Brasileiro de Seleções, disputado em Recife, capital pernambucana, na qual o Rio de Janeiro conquistou a terceira colocação no geral. A participação de Helinho foi tão significante que ganhou um prêmio: a convocação para a seleção brasileira no ano seguinte. Era o primeiro hoqueísta de Petrópolis a vestir a amarelinha. “ Foi um momento marcante na minha vida”, recordou ele.
Mas como jogador, foram 30 anos dedicados ininterruptamente as quadras. Do rinque Marowil até 1999, quando atuou pela equipe do Corrêas no Campeonato Brasileiro de Masters, a vida de Helinho foi realmente intensa. Muitos títulos foram conquistados ao longo deste tempo. Sua atuação fora das quadras também foi realmente significante, afinal de contas, comandou com brilhantismo a Federação de Hóquei do Rio de Janeiro, foi árbitro e chegou a ser vice da Confederação Brasileira, sendo que hoje é um cartola influente na Confederação Sul-americana. E comentarista exclusivo da Sport TV.