• Ibovespa segue pelo 5º dia em baixa, nos menores níveis desde novembro

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  • 04/jun 17:55
    Por Luís Eduardo Leal / Estadão

    Mesmo com leitura do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acima do esperado para o primeiro trimestre – em alta de 0,8% na margem, ante mediana a 0,7% para o intervalo -, e a despeito de nova retração dos rendimentos dos Treasuries e de alta nos índices de ações em Nova York, o Ibovespa não evitou a quinta perda consecutiva, nesta terça-feira, 4, em baixa de 0,19%, aos 121.802,06 pontos, em dia de pressão sobre o câmbio e de avanço na curva de juros doméstica.

    Assim, com os ativos do País ainda na defensiva, o índice da B3 resvalou na mínima do dia aos 120.878,36, permanecendo nos menores níveis desde meados de novembro, saindo de máxima a 122.031,66, correspondente à abertura. O giro financeiro ficou em R$ 20,6 bilhões nesta terça-feira. No agregado das duas primeiras sessões, o Ibovespa acumula perda de 0,24% na semana e no mês, colocando a do ano a 9,23%.

    As ações de utilities – tipicamente vistas como defensivas – conseguiram se afastar da fraqueza do apetite por risco e subiram nesta terça-feira. Eletrobras ON e PNB marcavam, respectivamente, alta de 0,87% e 0,86% no fechamento.

    Com o prosseguimento da correção do minério de ferro na China – nesta terça em baixa de 2,11% em Dalian, a US$ 115,14 por tonelada, ainda nos menores níveis de preço desde meados de abril -, o setor metálico se alinhou entre os perdedores da sessão, com destaque, além de Vale (ON -1,02%), para CSN (ON -1,50%) e Gerdau (PN -1,14%). “O segmento de materiais básicos, com o IMAT em baixa de quase 1% (-0,95%) no fechamento, foi muito mal, nem mesmo o setor de celulose conseguiu se descolar”, diz Bernard Faust, sócio da One Investimentos.

    Após a perda superior a 3% para o Brent e WTI na sessão anterior, a correção nos preços do petróleo prosseguiu nesta terça-feira, ainda que mais discreta, em queda na casa de 1%, no fechamento, para ambas as referências. Petrobras ON e PN mostravam, respectivamente, baixa de 0,57% e de 1,11% no fim do dia.

    Os grandes bancos, por sua vez, viraram à tarde e tiveram desempenho majoritariamente positivo no fechamento, à exceção de Santander (Unit -2,37%) – em mudança de direção que contribuiu para moderar as perdas do Ibovespa, no encerramento. Destaque para Bradesco PN, em alta de 0,94% nesta terça-feira.

    Na ponta do índice, SLC Agrícola (+3,04%), TIM (+2,59%) e Embraer (também +2,59%). No lado oposto, Magazine Luiza (-8,12%), Pão de Açúcar (-4,22%) e Vamos (-3,58%).

    “O principal gatilho para a queda do Ibovespa hoje foi a baixa no preço das commodities, que pesa também sobre o real em paralelo a outras moedas de emergentes ligadas a matérias-primas, que acumulam, assim, perdas em relação ao dólar”, diz Jaqueline Kist, sócia da Matriz Capital.

    Sem força para uma retomada da Bolsa em meio à persistência de dúvidas sobre o nível de juros nos EUA e no Brasil ao fim de 2024, os dados do PIB do primeiro trimestre, embora acima do esperado, foram recebidos no retrovisor, considerando também que os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, entre abril e maio, serão sentidos adiante.

    “A tragédia no Rio Grande do Sul pode ter impacto negativo de 0,2 a 0,3 ponto porcentual sobre o PIB, mas isso dependerá do tamanho dos prejuízos. No médio e longo prazo, a reconstrução da região pode trazer impacto positivo para o crescimento do país”, observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno, que projeta expansão de 2,1% para a economia brasileira em 2024.

    Também na agenda de indicadores desta manhã, o mercado tomou nota da leitura mais fraca do que se antecipava para o relatório JOLTS nos Estados Unidos, relativo ao giro da mão de obra no país, uma métrica que costuma ser monitorada de perto pelo Federal Reserve. Na sexta-feira, será a vez do ainda mais aguardado relatório oficial sobre a geração de vagas de trabalho em maio, o payroll, com dados como o ganho salarial médio e a taxa de desemprego.

    Com o JOLTS um pouco mais fraco, houve um movimento de fechamento de juros na curva americana nesta terça-feira, observa a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. Um ajuste que, contudo, não se refletiu nem no câmbio, nem na curva de juros doméstica, ambos em alta nesta terça-feira. No fechamento, o dólar à vista mostrava alta de 0,98%, a R$ 5,2854, tendo chegado a R$ 5,2961 na máxima do dia. “Os investidores devem manter a cautela ao longo da semana, considerando os dados, também sobre o mercado de trabalho, que sairão na quarta e sexta-feira, nos Estados Unidos”, diz Camila.

    “Mais uma sessão de baixa liquidez na B3, com o dólar futuro atingindo R$ 5,30. Na ótica do investidor estrangeiro, que olha para nossa Bolsa em dólar, o patamar em que se está hoje é extremamente depreciado. Vale ressaltar que nos últimos dias tivemos o menor porcentual de ativos negociados acima da média de 200 períodos, dos últimos dois anos. Cerca de 25% a 26% dos ativos da Bolsa se mantêm acima dessa média, um patamar muito baixo”, enfatiza Faust, da One Investimentos.

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