• Ibovespa recua 3% na semana, maior perda desde março de 2023

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  • 24/maio 18:00
    Por Luís Eduardo Leal / Estadão

    Com dois dos principais nomes em baixa no fechamento (Petrobras e Itaú), o Ibovespa não escapou da sexta perda diária consecutiva, igualando em extensão a série entre 10 e 17 de abril. O revés no intervalo que ora chega ao fim, contudo, é o maior desde a semana entre 20 e 24 de março de 2023, quando o índice da B3 havia cedido 3,09%. Agora, o Ibovespa acumula perda de 3,00% em relação ao ponto em que estava na última sexta-feira, elevando a 7,36% o recuo no ano e colocando o de maio a 1,29% – tendo virado do positivo ao negativo no mês, na quarta-feira.

    A pouca variação nesta última sessão da semana se fez acompanhar por leve giro, de R$ 16,9 bilhões. Nesta sexta, o índice da B3 operou de forma indecisa até o meio da tarde, quando passou a aprofundar as mínimas, em linha com piora do câmbio e na curva de juros doméstica. No piso do dia, foi aos 124.259,33 pontos, saindo de máxima na sessão a 125.257,27 e de abertura aos 124.731,39 pontos. O nível de fechamento desta sexta-feira, aos 124.305,57 (-0,34% na sessão), foi o menor desde 18 de abril, e é também o terceiro entre os mais baixos do ano – agora mais perto do piso de 2024, de 124.171,15.

    O desempenho desta sexta-feira refletiu tanto a moderação, inclusive de fluxo, que antecede um pregão de segunda-feira que não contará com a referência dos Estados Unidos, em feriado, como também sinais domésticos desfavoráveis, com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, manifestando nesta sexta, em evento no Rio, cautela sobre as expectativas de inflação: uma combinação que não induziu apetite por risco na B3 nesta véspera de fim de semana, apesar do avanço observado em Nova York.

    Por lá, o destaque é o Nasdaq, que subiu 1,10%, acumulando ganho de 1,41% na semana, a despeito do desempenho de Dow Jones (-2,33%) e de S&P 500 (+0,03%) no intervalo. No mês, o índice de tecnologia de Nova York – em máxima histórica desde a quinta-feira, no intradia, e nesta sexta também no fechamento – acumula ganho de 8,07%, bem à frente de outras referências globais, como o próprio S&P 500 (+5,34%) e de mercados importantes da Europa (FTSE 100, de Londres, +2,13%) e da Ásia (Hang Seng, de Hong Kong, +4,76%). Resultados de empresas como Nvidia, divulgados nesta semana, alimentam euforia dos investidores quanto à IA, fronteira da inovação.

    Aqui, em semana negativa para a maioria dos papéis que compõem o Ibovespa, as ações de maior peso na carteira tiveram um dia de relativa estabilização, à exceção de alguns dos nomes mais importantes do índice, no negativo na sessão, como Petrobras (ON -0,34%, PN -0,54%) e Itaú (PN -0,96%) – na semana, Petrobras PN caiu 0,22% e a ON cedeu 0,67%, com Itaú PN em queda de 4,15% no intervalo. Vale ON lutou e conseguiu fechar em leve alta de 0,05%, recuando 1,66% na semana.

    Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque na sessão desta sexta-feira para Azul (+5,18%), Energisa (+3,82%) e CSN (+2,44%). No lado oposto, Magazine Luiza (-7,04%), Petz (-3,28%) e Suzano (-2,32%).

    “Fechamento de semana no campo negativo, com o mercado ainda avesso a risco, mostrando cautela. Notícias sobre a inflação foram surgindo ao longo do dia, o que acabou pesando um pouco mais. Mercado ficou de olho no Campos Neto, com relação à inflação”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

    No Brasil, as expectativas de inflação têm subido por diferentes motivos, uma notícia ruim para o Banco Central, afirmou Campos Neto. “A gente vê expectativa de inflação subindo bastante”, disse durante o seminário anual de política monetária, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas.

    Segundo ele, diversos fatores explicam tal ajuste nas expectativas, entre os quais o cenário externo e as questões fiscais de natureza doméstica. “A gente está sempre discutindo os Estados Unidos, perguntando de onde virá a desinflação americana”, disse também Campos Neto.

    Nesse contexto, dados da plataforma CME mostravam, nesta tarde, que o mercado está jogando um pouco mais para o fim do ano a expectativa pelo primeiro corte de juros do Federal Reserve, agora realocado para novembro nas projeções, o que se refletiu nos rendimentos dos títulos americanos mais curtos, nesta sexta-feira.

    Pela manhã, os rendimentos da curva americana subiam em bloco, mas perderam ímpeto após o dado de confiança do consumidor americano, da Universidade de Michigan, que inclui expectativas de inflação. No fechamento, o juro da T-note de 2 anos ainda subia a 4,948%, enquanto o da T-note de 10 anos caía a 4,465% e o do T-bond de 30 anos cedia a 4,572%.

    Dessa forma, os rendimentos dos Treasuries de 2 anos – títulos do governo americano mais sensíveis à perspectiva de curto prazo para a política monetária dos Estados Unidos – reaproximam-se aos poucos do limiar de 5%, tendo chegado na máxima da sessão desta sexta-feira perto de 4,96%.

    “Aqui, a sessão foi caracterizada por oscilação, mas sem movimentos tão expressivos. Dólar e juros, assim como o Ibovespa, também operaram ao longo do dia em ambos os sentidos. Mas o que prevaleceu ao fim foi queda na Bolsa, alta do dólar frente ao real e abertura na curva de juros doméstica”, diz Leticia Cosenza, sócia da Blue3 Investimentos.

    Ante as incertezas externas e domésticas, o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira mostra um quadro de maior equilíbrio nas expectativas para o desempenho das ações no curtíssimo prazo. Entre os participantes, a maioria de 44,44% prevê uma semana de ganhos para o Ibovespa e 22,22% esperam estabilidade. Para 33,33%, o índice terá perdas na semana que vem. No Termômetro anterior, uma esmagadora maioria de 85,71% esperava alta nesta semana e 14,29% viam variação neutra, sem repostas indicando baixa.

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