• Ibovespa emenda 2ª perda, em baixa de 1,33%, aos 128,2 mil pontos

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  • 08/fev 18:41
    Por Luís Eduardo Leal e Maria Regina Silva / Estadão

    Em baixa pelo segundo dia – e hoje sem contar com o apoio de Vale (ON -0,88%) e Petrobras (ON -0,35%; PN -0,81%, na mínima no fechamento) apesar do forte avanço tanto do minério como do petróleo -, o Ibovespa cedeu a linha de 128 mil no piso da sessão, encerrando ainda com perda de 1,33%, a 128.216,92 pontos, saindo de máxima a 130.125,92 e de abertura aos 129.949,78. Na mínima, o índice da B3 buscou os 127.912,23 pontos. O giro foi de R$ 26,4 bilhões. Na semana, o Ibovespa sobe 0,81% e, no mês, ainda retém leve avanço de 0,36% – no ano, a perda está em 4,45%.

    Após a pressão vista no dia anterior no setor financeiro, com a reação do mercado ao balanço e ao guidance do Bradesco, as ações do segundo maior banco privado do País estenderam a correção, hoje em queda de 2,87% na PN e de 0,87% na ON, que chegou a estar na faixa de 3% a 4% no meio da tarde. A sessão também foi negativa para outros grandes nomes do segmento financeiro, o de maior peso no Ibovespa, com Itaú (PN -1,97%, mínima do dia no fechamento), Banco do Brasil (ON -1,51%), que divulga os resultados do quarto trimestre nesta noite, e Santander (Unit -2,27%).

    “O Ibovespa piorou com a virada de Petrobras ao negativo, em um dia no qual os índices de ações em Nova York também não mostraram força em parte da sessão, mas não no fechamento, com Dow Jones e S&P 500 em novos recordes. A sessão ainda foi de avanço dos rendimentos dos Treasuries em meio à expectativa de que os juros americanos permanecerão onde estão por mais tempo do que o mercado chegou a antecipar, conforme as indicações mais recentes de dirigentes do Fed o BC dos Estados Unidos”, diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos.

    Na ponta perdedora da B3, Totvs (-9,77%, após balanço), MRV (-9,46%) e Hapvida (-5,19%). No lado oposto, Petz (+3,18%), CVC (+1,94%) e TIM (+1,15%). O índice de consumo encerrou o dia em baixa de 1,67% e o de materiais básicos, de 0,85%.

    “O Ibovespa caiu mais de 1%, e os cíclicos domésticos mostraram queda ainda maior na sessão, com o desempenho do setor de small caps se aproximando, no meio da tarde, de perda de 3%. Nos Estados Unidos, os dados de auxílio-desemprego da semana mostraram um mercado de trabalho ainda apertado, pressionando mais uma vez os rendimentos dos Treasuries”, diz Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research.

    “Aqui, o IPCA mostrou alta acima do esperado em janeiro, e a leitura qualitativa também não foi boa, especialmente nos serviços subjacentes, que têm sido a maior preocupação recente do mercado com relação à inflação. Uma combinação, externa e interna, que joga um pouco de água fria, principalmente para os investidores que miram o curto prazo”, acrescenta o analista.

    “Na última ata divulgada anteontem, o Copom reforçou a importância da inflação de serviços, dado que a primeira fase do processo de desinflação decorreu, em grande parte, da desinflação na indústria e da desaceleração no preço das commodities. Sendo assim, os dados de hoje do IPCA reforçaram a postura mais dura apresentada pelo Banco Central na última ata e estão de acordo com o cenário de redução da Selic em 0,5% nas próximas reuniões”, observa em nota André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP.

    “Ainda assim, a inflação na média anual vem recuando, o que corrobora que o Banco Central possa, eventualmente, acelerar os cortes da Selic. Mas isso ainda depende do movimento do Fed, que ainda não começou a cortar os juros nos EUA. Isso deixa o BC brasileiro com uma postura mais conservadora, apesar de a inflação, aqui, estar convergindo para a meta”, diz Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

    Além do cenário macroeconômico e da temporada de resultados trimestrais, o mercado volta a olhar mais de perto, também, os movimentos políticos em Brasília nesta semana em que chegou ao fim o recesso parlamentar.

    Com a retomada gradual da agenda de interesse do governo, um fator que entra agora no holofote é o potencial efeito da operação deflagrada pela Polícia Federal contra antigos assessores e ministros, civis e militares, de Jair Bolsonaro, no processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura articulações golpistas após a eleição de 2022.

    Na operação de hoje, foi preso o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por manter de forma irregular uma arma em casa. O temor é de que uma ofensiva contra políticos conservadores ou ligados ao Centrão possa tornar mais turbulenta a relação entre governo e Congresso, no momento em que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), eleva o tom com relação ao Orçamento federal.

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